quinta-feira, 17 de março de 2011

A Vitória dos Clones

VERENA FORNETTI

Grande parte das estátuas do Cristo Redentor e de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil, são da China. Bolsas de palha, colheres de madeira e cestas de vime parecidas com as do artesanato indígena e tapetes "persa" vêm do país. E, em Veneza, metade do vidro vendido como Made in Murano é feito por mãos chinesas, fora da Itália.
A China avança nas cópias de produtos típicos, e os clones vão do artesanato, caso do vidro veneziano e do tapete do Irã, aos materiais sintéticos, cuja semelhança com os originais engana os leigos.
O preço é o principal atrativo. José Ribamar Ramos, que vende objetos de palha no atacado em São Paulo, diz que as bolsas chinesas custam até metade do preço.

Artesão brasileiros prejudicados por cópias chinesas

Em Veneza, enquanto um brinco de vidro italiano custa cerca de 25 (R$ 57), o chinês é comercializado por 6 (R$ 14).
O artesão italiano destaca que os produtos chineses estão cada vez mais perfeitos. Mas ele critica a prática de vender o produto asiático como se fosse o italiano.
"A Itália é um país livre, cada um vende o que quer. Mas que digam o que estão vendendo, que aquilo é feito por um artesão chinês, e não um artesão veneziano."

Janio Vargas, do Rio de Janeiro,  vende objetos feitos com pedras brasileiras  e seus anéis saem por cerca de R$ 20 na feira hippie de Ipanema, enquanto peças com cópias de pedras "brasileiras" feitas na China são vendidas por R$ 7.

Em alguns casos, o produto chinês pode ter acabamento mais perfeito que o original. Najad Khouri, dono da Isfahan Tapetes e Kilims, no Rio, destaca que o tapete chinês que clona o persa não tem imperfeições na trama.
"O tapete chinês é tão perfeito que parece feito por uma máquina. E o tapete persa não pode ser perfeito. No islamismo, só Alá é perfeito."
Khouri destaca que os tapetes chineses são padronizados -algumas estampas são escolhidas e o artesão as reproduz em série. "O chinês fabrica mais rápido e o preço cai. E o artesão persa é mais indisciplinado que o chinês. Ele cria enquanto trabalha."

A concorrência dos bordados feitos à máquina na China tem tirado mercado da indústria nacional e freado a expansão do emprego em cidades em que a atividade é tradicional, como Ibitinga (SP) e Nova Frigurgo (RJ), diz a Abit, associação que representa a indústria têxtil e de confecção.

São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011

2 comentários:

Anônimo disse...

Delma
Realmente,a China tem dominado a economia mundial.Tudo é made in China.Comprei umas blusas na Le Lis Blanc e quando cheguei em casa vi a etiqueta chinesa,fiquei fula,pois paguei caro por um produto que não era da grif.
É o Brasil perdendo a concorência.
Regina Bernardes

Delma disse...

Tem o lado bom de baratear,mas o comerciante tem que ser honesto e abrir o jogo.
Bjs