segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O Magiclick e a Ana Elisa Ribeiro


Hoje eu me senti um verdadeiro "Dinossauro", quando li a coluna de Ana Elisa Ribeiro no "Digestivo Cultural" que a minha amiga Sandra, gentilmente repassa para mim. Até fui procurar a idade da Ana Elisa. Ela tem 34 anos, a idade dos meus filhos mais novos, os gêmeos. Pois não é que a escritora publicou um texto chamado "Meu querido Magiclick", referindo se a ele como uma coisa usada há muito tempo atrás? Veja:

"...Mais do que o forno ou o fogão, o objeto que me encantava (como gosta de dizer o pessoal de vendas) era o Magiclick. Fogão com acendedor automático, coisa do capeta. Fósforo não tem charme. Minha avó usava cada bitela, Fiat Lux, nome bem apropriado, não? Minha mãe usava outro, da caixinha muito mais famosa, menorzinho, escrito Pinheiro no rótulo. Já vi até livro de publicidade brincando com essa embalagem. Já vi livro de poesia brincando com caixa de fósforo. Já vi convite de formatura. No fundo, a caixinha de palito de fósforo é parte de nossa cultura mais cotidiana. Todo mundo, de todas as classes sociais, reconhece.
Magiclick era um charme. Uma espécie de isqueiro muito grande que servia para acender o fogo nas trempes. Minha avó tinha um. Meu avô era muito tecnológico. Gostava de tudo fresquinho: Magiclick, videocassete, CD player, televisão de trocentas polegadas. O resto da família vinha a reboque, depois que perdiam o preconceito.
O Magiclick era um acendedor de forno e fogão, mas parecia uma arma. Quando eu e os primos conseguíamos furtar o aparelho da cozinha de vovó, brincávamos de polícia e ladrão, até alguma tia perceber a troca de tiros e o perigo de atearmos fogo na casa (e uns nos outros).
Alguns objetos povoam nossa memória e nosso imaginário para sempre. Alguns nos trazem lembranças carregadas de boas emoções e bons afetos. Outros trazem uma raivinha arrefecida, mas ainda um afeto negativo...."
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=2986

Uai, eu usei o meu Magiclick até o último sábado. E a mãe da Ana nem usou. Só a avó. Todos vocês sabem que estou reformando minha casa desde setembro de 2009. E minha cozinha ficou pronta, fogão instalado com acendimento automático. O fogão antigo também tinha acendimento automático, mas depois de estragar o mecanismo pela 2ª vez, passei a usar o Magiclick. E na hora de lavar, guardar, descartar aparece o meu Magiclick. Aí é a hora de exercitar o desapego. Dei um trato nele, ficou limpinho e coloquei no monte de descartáveis. Aí pensei: e se o mecanismo estraga de novo? E se falta energia? "Fósforo não tem charme", a Ana disse. Peguei meu Magiclick de volta e arranjei um lugar prá ele. Olha ele aí. Fantástico, né?

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