sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

04/12/09 - Voltei!


Estou de volta. Postei mensagens nas datas em que fiquei afastada, então meu Blog não sofreu interrupções.

Encontrei este texto e compartilho-o com vocês.

Vida rara
Ricardo Gondim


Meu rosto, marcado com sulcos, mostra a erosão dos vendavais que varreram antigos e inconsequentes sonhos. Calos, que outrora protegeram as minhas mãos, agora doem. Estradas íngremes, que nunca evitei, racharam os meus calcanhares.

Meu olhar se aquieta. Desisti das euforias pueris. Despedi censores internos; eles tonsuravam minha pouca criatividade. Lentamente procurei tangenciar mundos que jamais cogitara explorar. Aprendi a soletrar novos alfabetos, a solfejar novas músicas, a recitar novos sonetos. Espero. Meu coração desacelerou.

Minha prece mudou. Já não procuro atalhos. Não imploro por salvamentos, não prenuncio livramentos, não ambiciono privilégios. A miséria desmedida que mata milhões de crianças me deixa insone. Fico com enxaqueca ao pensar na infância roubada, agredida e mutilada dos africanos, latino-americanos, palestinos e asiáticos. Por que, meu Deus, vivem como porcos?

Meu futuro encurta e o passado, alonga. Converto pressa em urgência. As afobações impetuosas cederam para as urgências planejadas. Otimizo o tempo. Encareço o instante. Vou passar, por isso canto com o Lenine: “Enquanto o tempo/Acelera e pede pressa/Eu me recuso faço hora/Vou na valsa/A vida é tão rara...”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do poema de Cora Coralina,
"Assim eu vejo a vida", que é um grande exemplo de vida.
Indo para São Miguel do Araguaia, passei duas vezes por Goiás, sua
cidade, e estive com ela por duas vezes. Tenho dois livros dela, com dedicatórias, que guardo com carinho.

Abraços, Maria Helena

Delma disse...

Maria Helena
Esse poema não saiu em livro. Confiei na Folha de São Paulo que afirma que o poema é dela. Espero que eu não esteja entrando numa Cilada da Net.
Bjs