sábado, 17 de abril de 2010

Aniversário da Vanda


Vanda nem bem chegou de um Cruzeiro pela costa brasileira e abriu as portas do seu novo e belíssimo apartamento para comemorar seu aniversário. Eu estava (dodói) e não fui mas não poderia deixar de prestar minha homenagem a minha querida amiga. Conheci a Vanda em 1959, no Liceu de Uberlândia, quando nos tornamos colegas de escola. Vanda e Neusa, sua prima tocavam na Banda de Música e eu ficava encantada e morria de vontade de fazer o mesmo, mas não tocava nadica de nada. Ela tocava acordeon também. E era a minha única amiga que tinha um casaco de pele. Fomos a várias festas juntas e sempre acompanhadas pela sua zelosa mãe. Em um Baile no Praia Clube, estávamos na pista de dança com nossos pares (naquela época ninguem dançava sozinho e separado) e a luz apagou. De repente, uma vela acesa. Era D.Belosa, a mãe da Vanda procurando por nós. D. Belosa, hoje com mais de 90 anos. Abençoada.
Terminamos o colégio e fomos para a Faculdade em 1966, onde continuamos colegas de sala e de grupo. E a Vanda sempre nos divertindo com seu incrível bom humor. A Faculdade de Filosofia funcionava no Colégio Nossa Senhora e as freiras faziam umas cobrinhas de tecido para colocar nas portas como proteção. Quando alguma colega nossa começava a namorar alguém, a Vanda pegava a "cobrinha" e fazia brincadeiras maliciosas e super divertidas. Toda aula era motivo para as brincadeiras da Vanda. Se o assunto era Biologia - Reprodução, nem bem o professor saía da sala, a Vanda corria para o quadro e desenhava os espermatozoides de óculos, com as pernas tortas, com chupeta,etc em referência aos namorados das colegas da sala. Numa dinâmica de grupo, a turma reconheceu que a sala estava dividida em "panelinhas" (grupos que se isolavam dos outros) com características próprias. Terminada a aula, estava a Vanda no quadro desenhando as panelas, caldeirões e colocando em cada um aquelas caracteristicas que os identificavam. Tinhamos um professor de Estatística jovem e muito tímido. A Vanda e a Gladys decidiram "infernizar" a vida desse professor. Era meados dos anos 60, a minissaia estava em alta e todas nós adotamos o modelito, portanto, antes de começar a aula do tímido professor, elas colocavam as carteiras na frente e convocavam todas que estavam de minissaia para ocuparem os lugares da frente de pernas cruzadas. Que maldade, gente. O professor ficava tão desconcertado que dava pena. Do lado de fora da Faculdade, viam o dito professor em alguma sala, chamavam por ele e começavam a recitar o poema Lingua Portuguesa de Olavo Bilac:

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Pesquisavam nos dicionários palavras pouco usadas e quando eram "paqueradas" por alguem que não lhes interessava, começavam a usar aquele vocabulário totalmente estranho que espantava rapidinho o indesejável. Ou perguntavam: Você é piloto da Varig? Diziam que era infalível. O rapaz se sentia o rei do pedaço. Usavam também uma técnica para reconhecer um bom partido: se o garoto balançava alguma chave na mão era sinal que tinha carro, se esse carro era uma caminhonete, era filho de fazendeiro. Em 1969, nosso último ano de Faculdade, tudo era motivo de festa e comemoração. Estas festas eram movidas a "caipirinha" feita pelo Edson, o Muquica, namorado da Evelyn. Uma vez, passamos da conta e saímos "alegrinhas", Vanda, Gladys e eu que sempre iamos e voltavamos juntas para a Fafi. E "alegrinhas", riamos de tudo, e o rímel vedete dos anos 60 ia borrando o olho, escorrendo pela face. Olhavamos uma para outra e riamos até chorar. E o rosto todo borrado, sem ter como limpar chegamos na porta do prédio em que a Vanda morava. Tinha uma escada imensa para subir. A Vanda tentou limpar o rosto e receosa que os pais percebessem a bebedeira, disse. Vou "marcar um rumo", subir essa escada e passar de fininho para o quarto. Isso, se eu não cair na escada! Inúmeras histórias divertidas, engraçadas, maliciosas arrematadas com a inimitável risada da Vanda. Mulher forte, determinada, guerreira, fez uma bonita história com suas duas filhas médicas e seu filho advogado que lhe enchem de orgulho. Há muito vem sentindo suas dores, mas não reclama, parece até que não sofre, porque sabe que a vida para ser bem vivida tem que ser com alegria. E alegria a Vanda tem de sobra. Parabéns, Vanda.

4 comentários:

Maria Helena disse...

Realmente, Vanda é uma grande
amiga, que apesar das dificuldades e
lutas da vida continua alegre e divertida.
Continue sempre assim Vanda e
seja feliz !

Anônimo disse...

Tão boas memórias!Amizades que nunca acabam. Amizades de tantos anos. Preciosidades.
Alcy

Delma disse...

Queridas
Que tempo delicioso aquele! Lembrá-lo é revivê-lo. O coração fica alegre e feliz
Bjs

Anônimo disse...

Ah Delma!!!!Que delicia o seu blog!!!!!
Adoro seus textos.As fotos estão mto lindas e vou viajando junto com vcs.
Qdo falou o q a Vanda fazia no colegio,fiquei surpresa,achava q ela era santa...rsrsrs
Parabéns Delma,amei!!!!Bjs Sylvinha.