"...não há nada de automático na maneira como achamos que vemos o mundo.
...o conjunto olho-cérebro está menos para câmera digital e mais para simulador de realidade virtual, usando pistas às vezes enviesadas para construir um modelo do mundo na cabeça de cada pessoa."(Oliver Sacks)
..."A saudade dos tempos em que a boa ventura fazia parte do cotidiano é fruto de uma armadilha da memória, função cerebral mestre em editar fatos passados. As pequenas frustrações, os sofrimentos banais, as inquietudes e os medos infundados que atormentam a infância e a adolescência, a memória apaga; sobrevivem apenas as lembranças carregadas de emoção."(Drauzio Varella)
...o conjunto olho-cérebro está menos para câmera digital e mais para simulador de realidade virtual, usando pistas às vezes enviesadas para construir um modelo do mundo na cabeça de cada pessoa."(Oliver Sacks)
..."A saudade dos tempos em que a boa ventura fazia parte do cotidiano é fruto de uma armadilha da memória, função cerebral mestre em editar fatos passados. As pequenas frustrações, os sofrimentos banais, as inquietudes e os medos infundados que atormentam a infância e a adolescência, a memória apaga; sobrevivem apenas as lembranças carregadas de emoção."(Drauzio Varella)
Antes que eu seja traída pela minha memória e escreva que dezembro de 2010 e janeiro de 2011 foram perfeitos, vou registrar o que "azedou o doce", impedindo que estes dois meses fossem realmente perfeitos.
Dezembro começou com muitas alegrias: a chegada da família que mora na França, a festa que reuniu familiares queridos, comemorações natalinas, etc. O Ano Novo e a vinda das minhas netas para passarem 15 dias de férias comigo. Essa foi a parte boa e perfeita.
A parte obscura que minha mente, com certeza, vai esquecer: a crise de rinite que teve início no final de novembro e da qual não me livrei até hoje. Espirros, tosse, pólipo na narina direita,
efeitos colaterais do remédio para colesterol misturado com um vinhozinho, que provocou muito mal estar e vômito, uma crise de pressão alta (22 por 10) que me levou ao hospital, sinusite com 14 dias de dor de cabeça (ininterrupta) etc. Agora, que o pior já passou, (ainda tenho umas sequelas) concluo que até a parte considerada boa ficou muito prejudicada. O uso de antialérgicos, a dor de cabeça me deixaram desanimada, sonolenta, preguiçosa. Não consegui "curtir" a presença da família na minha casa como eu gostaria. Marcelo voltou sem comer a Feijoada planejada; Hugo e Bianca voltaram para a França sem que eu conseguisse estabelecer com eles uma interação, uma intimidade de avó e netos. Não consegui deles abraços e beijos espontâneos, como eu gostaria. Não consegui brincar 1/3 do que poderia ter brincado com Ana Lia e Ana Isa. Elas gostam de brincadeiras de correr, esconder, de movimento. E era tudo que eu não queria e nem conseguiria fazer.
Mas aí..... eu penso na tragédia que a chuvas têm provocado em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Como meus probleminhas são pequenos! Ainda terei muito tempo de interagir com Hugo e Bianca, fazer muitas feijoadas para o Marcelo, brincar bastante com Ana Lia e Ana Isa. Acho que não existe tragédia maior do que deitar-se para dormir e ser levado por lama, pedra ou ter a família levada, perdendo também casa, documentos, tudo. Fico imaginando: o presente de natal tão esperado e cobiçado, a jóia de estimação, as fotos que contam a história de gerações, o objeto guardado com carinho.... Irrecuperável. E as vidas que sequer aconteram...
Estas tragédias não podem ser esquecidas. Elas deverão permear a vigília e o sono, o dia e a noite das nossas autoridades até que se encontre solução para evitar outras que acontecerão a cada verão, se nada for feito.
"Nós outros navegaremos em nossa própria órbita, sujeitos aos mil acidentes da carne e do trânsito, encarando o cotidiano como um desafio heroico que transferimos para o dia seguinte, ou para o ano seguinte que nos traga a única prosperidade que realmente desejamos, a de continuarmos vivos, sabe-se lá de que modo." (Carlos Heitor Cony)
2 comentários:
Realmente precisamos sempre lembrar
de tudo que temos,perto daqueles que perderam tudo.Precisamos agradecer muito e tentar não ligar para os pequenos aborrecimantos da vida.
Bjs
Irene
Irene
Pena que ainda assistiremos estas tragédias por muito tempo ainda.Não creio que nossas autoridades cuidem rápido para evitá-las
Bjs
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