terça-feira, 2 de março de 2010

Aniversário do José Ricardo


No dia 26 de fevereiro, José Ricardo, meu irmão completou 68 anos e seu neto, o Pedro Henrique, 9 anos.
Sendo alguns anos mais nova que ele, as lembranças da nossa infância remetem à comida ou a acidentes domésticos. Sempre que íamos visitar alguém da vizinhança, minha mãe recomendava que não pedissemos nada para comer e que nos comportássemos. Numa visita a D.Luisa, que nos recebia na sua imensa cozinha, ficávamos sentadinhos num banco comprido encostado à parede, esperando a hora do requeijão, sua especialidade. De costas prá nós e de frente para o fogão de lenha que ficava no centro da cozinha, D.Luisa ia mexendo a massa na panela de ferro e de vez em quando, levantava a colher espichando a massa do requeijão para o alto, provocando intensa salivação na "platéia". Aí, pegava os pratos, colocava as porções de requeijão quente derretido com açucar e distribuia a cada um que já não se aguentava mais de tanto esperar e salivar. Numa destas visitas, estávamos lá esperando o requeijão e um cacho de bananas estavala de maduro sobre o "rabo" do fogão. José Ricardo olhava para o cacho de bananas e olhava para minha mãe, que franzia a testa sinalizando que não era prá pedir a banana. Ele não se deu por vencido e sapecou: Mãe, se a D. Luisa me oferecer daquelas bananas eu posso aceitar? Ganhou das bananas e não foi castigado, porque, afinal de contas, ele não pediu. Quando mamãe fazia pamonhas, José Ricardo desandava a comê-las e era recriminado pela comilança. Mamãe, então reclama: Zé, chega de comer pamonha. Ele responde: Ora, mãe, eu comi só cinco.

Acho que essa pérola é dele. A professora pergunta: Por que nosso país tem o nome Brasil? E a resposta. Porque Pedro Alvares Cabral carregou o pau-brasil nas costas.
Lembro-me ainda das quebradeiras das quais ele era vítima. Pernas, braços, dentes. Fraturou o braço brincando sobre sacos de arroz empilhados que desabaram sobre ele. O outro braço, as pernas não me lembro como, mas foi o único irmão que teve fraturas. Quebrou o dente jogando volei na escola. Junto com nossos primos, que iam de Uberlândia passar férias lá em Goiás, subimos numa árvore do quintal portando, cada um, uma canequinha e fomos desafiados, acho que por ele, a urinarmos na caneca e beber da urina. Era coisa só para os corajosos. Todos nós fizemos. Eu dedurei todo mundo e todos nós apanhamos. Isabel, nossa irmã do coração, estava de casamento marcado e José Ricardo quis certificar se ela gostava de verdade do noivo. Pegou-a pelo pescoço e ordenou: Fale o nome de quem você gosta....ordenava, ordenava, mas não percebia que ela estava impedida de falar porque estava sufocada, até que Isabel desmaiou. Imaginem a correria. Uma vez, na casa da tia Emília, ele foi bater uma vitamina no liquidificador, o vidro mal colocado se soltou da base e na tentativa de segurá-lo, cortou os dedos nas lâminas que não pararam de girar. No ano passado, subiu numa cadeira, passou para o balcão para trocar uma lâmpada: ao descer do balcão para a cadeira, caiu e fraturou a perna, acabou sendo submetido a uma cirurgia. Ficou bem. Adolescente muito bonito de olhos azuis intensos, nos finais de semana, envergava um terno branco e saía para a "balada" que, naquela época eram as inocentes brincadeiras dançantes. Começou a trabalhar muito cedo e, pela vida afora, foi um trabalhador incansável em vários ramos de atividades. É um representante típico do heróico trabalhador brasileiro. Casou-se com a Maria Amélia, companheira que trabalhou intensamente com ele e formaram uma bela família de 3 filhos e 4 netos.
Praticamente nunca viajou de férias, nunca frequentou lugares badalados, morou com simplicidade, mas sempre fez festas memoráveis. Comida e bebida farta, com os convidados levando um pratinho para quem não pode ir e a presença de uma quantidade enorme de amigos e parentes. Continuando a tradição dos meus pais, a devoção a Santo Antônio, o dia do Santo Padroeiro é comemorado com farta mesa de quitutes juninos. Aliás, comida é especialidade deles. Por muitos anos tiveram fábrica de salgados, quitandas e bolos confeitados.



Antes do seu aniversário submeteu-se a um cateterismo e hoje recebeu o resultado. Provavelmente será submetido à cirurgia. Não falei com ele ainda, mas quero registrar aqui a minha solidariedade e pedir a Deus que derrame bênçãos e graças para que sua cirurgia seja bem sucedida. Será.

Devo confessar que somos menos próximos do que eu queria. Acho que um comodismo da minha parte me isola deles. Mas tenho um bem querer guardado e não expressado. Desejo a você, José Ricardo, um Feliz Aniversário. Fé, Coragem, e êxito na sua cirurgia. Vá preparando a Festa de 70 anos em 2012. Será uma Festa de Arromba. Como vocês sempre fizeram.

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