quinta-feira, 3 de junho de 2010

Provocações



Há poucos dias repassei uma mensagem sobre uma idosa relatando sua vida na casa de uma filha."Quando me tornei invisível" de Silvia Castillejon Peral Cidade do México-2002. Veja o texto completo no site http://www.simplesmentebeijaflor.com/quando_me_tornei_invisivel.html
Várias pessoas se manifestaram porque o texto incomodou. É como um soco no estômago para quem tem pais idosos e para quem, como eu, se aproxima desta idade que alguns, querendo dourar a pílula, teimam em chamar de "Melhor Idade". Melhor uma ova.



Depois, foi um texto da Rosely Sayão, "Perdão às Mães", que publiquei aqui no Blog. http://dilurdis.blogspot.com/2010/04/perdao-as-maes-rosely-sayao.html
Uma pessoa me pergunta como eu, que já fui professora, posso concordar com aquele texto. O texto é provocativo exatamente porque cutuca a ferida da conflitante relação entre pais-alunos-escola. Passei mais de 20 anos vivenciando este conflito e sei o quanto a criança é vítima de um sistema superado que teima em permanecer.

Seguindo esta linha provocativa, vou inserir aqui algumas frases de Luiz Felipe Pondé, filósofo, psicanalista, que assina uma coluna na Ilustrada (Folha São Paulo) às segundas.

Meninas Fáceis (03/05/2010)



"Se as meninas estão transando por aí, é porque dissemos a elas que isso é legal, não?

Não acredito que se faça melhor sexo hoje em dia, acho sim que hoje existe muito marketing, muito papo furado, muita mulher sozinha que se veste pra si mesma num ritual macabro de vaidade e... muita gente brocha.

A chamada "revolução do desejo" serve para ganhar dinheiro com publicidade, livros de sexo chique e para aumentar a sensação, em seres humanos reais, de que todo mundo está transando menos você.

Mães de 50 anos se deliciam em vender a imagem de si mesmas como máquinas de sexo. Na realidade, no silêncio de seu quarto escuro, são umas invejosas, que queriam ser como suas filhas: mulheres fáceis.

Professoras inseguras com seus corpos cansados, atônitas com a inutilidade última de toda sua inteligência diante da chacina que é a vida cotidiana, invejam as suas alunas deliciosas que desfilam pernas e seios por aí, dançando a dança do acasalamento. Sim, deveriam tê-las avisado que a vida se repete exatamente naquilo em que ela é miserável: medo, inveja, baixa autoestima e abandono.



Cursos chiques trabalham o corpo para que ele seja fácil de manipular na cama, no carro, no banheiro.

Teorias psicológicas e filosóficas empacotam a vontade de ser fácil em papel de presente fingindo que existe mesmo uma coisa chamada "sexo revolucionário".

Comédias de TV idealizam mulheres urbanas que transam assim como quem corre em esteiras aeróbicas (ou seriam "anaeróbicas"?), calculando o "tamanho" de seus homens, se gabando, assim como homens boçais, da quantidade de vezes que gozam.

Músicas nas festas das escolas e nos aniversários de crianças cantam a banalidade dos gestos sexuais, fixando os olhos vazados das meninas no desejo de crescer o bastante para serem fáceis.

Programas infantis ensinam a vulgaridade como forma de liberdade corporal na frente das câmeras. Programas "teens" de TV elevam ao grau de guru quem transa aos dez anos, contanto que use camisinha.

Mulher fácil é mulher barata. Tem mais mulher do que homem no mundo (não estou seguro dessa informação, mas todo mundo diz que sim, principalmente as mulheres solitárias) e, com a liberação delas, o preço ainda caiu mais. A melhor coisa que existe para um cara que quer uma mulher barata é que ela pague suas contas.

Alguém precisa parar de mentir e avisar para essas meninas que a vida é uma chacina cotidiana. Que o envelhecimento chega sem que você espere, que o mundo fica repetitivo com o tempo, que as pessoas ficam previsíveis e que sexo fácil é sempre sexo sem amor.

Avisem a elas que o amor é raro, difícil, caro, duro de encontrar.

Enfim, que uma das lutas contínuas da civilização é contra a indiferença porque homens e mulheres não são especiais e existem às dúzias por aí, a gargalhadas, como bonecos de cera sem graça." (Luiz Felipe Pondé - Meninas Fáceis)



Ficou incomodado (a)? Eu fiquei.

As provocações vão continuar....

4 comentários:

Anônimo disse...

Alguém tinha que ter a coragem, primeiro de refletir sobre a banalização do sexo, depois registrar suas reflexões para outros pensem também. Corpos saudáveis são belos porque refletem energia de vida. Recentemente uma modelo se deixou fotograr com uma barriguinha saliente e um enorme e vital sorriso: depois Kate Moss foi flagrada com a barriga flácida e ficou furiosa. Dois corpos perfeitos, porque normais, e duas posturas opostas em relação a isso. A reflexão é a melhor arma para nos manter longe da postura de carneiros perante a mídia e perante a vida.

Delma disse...

Desconfio que as pessoas andam refletindo pouco. A aparência,vaidade e status anda se sobrepondo a valores mais nobres.

Anônimo disse...

Gostaria de saber de quem é a primeira foto. Você conhece o fotógrafo/autor da foto?

Gostaria muito de saber!

Se puder, me envie um email krolborges@gmail.com

Grata,
Carolina.

Delma disse...

Carolina
Capturei esta foto em Imagens do Google - Busca por foto de mulher idosa. Está na folha 2. A origem da foto é de http://oadegueiro.blogspot.com/2008/08/imagem-de-uma-mulher-velha.html, que por falha minha deixei de citar a fonte. Espero que vc tenha exito na sua busca
Obrigada por me visitar
Abraços