Este é um texto de despedida. Como todos vocês perceberam, este Blog é muito pessoal. Tão pessoal que na minha apresentação de perfil, escrevi:
Quem sou eu
Uma pessoa que gostaria de falar sobre a própria vida, mas a minha vida envolve minha família e não tenho o direito de expô-la. Sendo assim meu desejo se esvazia, porque eu não sou sem os meus.
Resolvi não continuar por perceber que minha vaidade acabou por suprimir o bom senso. Por outro lado, usar o bom senso pode me submeter à censura. E eu sou abolutamente contra a censura. Usá-la me faria perder a autenticidade e me violentaria. Luiz Felipe Pondé, diz que "o risco da aceleração para o vazio é grande e o desejo de permanecer tendo sucesso no mundo contemporâneo tem a consistência de um gás venenoso. Respiro do mesmo gás. Morrerei do mesmo veneno."
Eu não quero morrer envenenada, mas concordo com o Pondé quando ele diz: "A desvalorização do envelhecimento é consequência inevitável da inaptidão do idoso para responder às demandas do capital e da paixão idiota pela velocidade. Sendo o idoso a “encarnação” do passado, e tendo sua experiência valor zero no mercado do mundo, é inevitável que ele sinta que não vale nada. ... a maioria dos idosos é banal e pouco sábia. Aliás, o efeito das grandes quantidades é sempre este: redução do valor como mercadoria, banalização do conteúdo. Quanto mais idoso existe, menos ele vale no mercado dos homens. Contradição dura esta, não? A vida longa é desejável, mas o resultado é o aumento do estoque de banalidade na forma deformada do corpo humano. Outro fator a destruir o lugar do idoso no mundo contemporâneo é sua substituição por outros instrumentos de transmissão de conhecimento: internet, mídia, uma escola a cada esquina (mesmo que vagabunda). Esse fenômeno foi chamado de “morte do narrador”: ninguém precisa do idoso para “narrar o mundo” e dar sentido a ele. O idoso é ultrapassado, não acompanha as mudanças, é lento, tende ao repouso. De lugar da produção de sentido (o narrador da vida), ele passa a ser o abismo da falta de sentido dela: envelhece, perde funções vitais, é um peso para os seus, ocupa espaço e é inútil."
Agradeço aos meus seguidores, visitantes, principalmente àqueles que deixaram aqui seus comentários carinhosos e delicados. Um agradecimento especial à Alcy e Regina que me estimularam quase diariamente com seus comentários tão generosos. Confesso que estou de coração partido, mas sei reconhecer o momento da retirada. Um beijo carinhoso para todos.
Delma