Em Uberlândia, Dilma Rousseff (PT), com 214.681 votos (66,97%), venceu o candidato José Serra (PSDB), que somou 105.897 votos (33,03%). Ao todo foram registrados 8.189 votos brancos e 17.265 nulos, o que corresponde a 7,36% dos votos computados. O índice de abstenções chegou a 18,23%, somando 77.140 eleitores faltosos.
Leia o que os Jornais Internacionais relataram sobre a eleição:
NEW YORK TIMES
Para o jornal americano "New York Times", Dilma enfrenta agora algumas tarefas "monumentais" que Lula deixou inacabadas: "arrumar o problemático sistema educacional do país, melhorar os padrões de saúde e saneamento para milhões, e transformar o Brasil no tipo de nação desenvolvido que o país vislumbra se tornar."
"Eleita, Dilma terá que agradecer a Lula, o mais propular presidente do Brasil desta geração, por transformar uma sensata burocrata e ex-estudante militar sem experiência em cargos eletivos em sua sucessora", diz o jornal.
Analistas ouvidos pelo jornal alertam, porém, para a tentação do novo governo de que, "agora que o Brasil está indo bem, o Estado poderia se envolver mais nessas oportunidades econômicas, como no setor de petróleo".
Além disso, dizem, o perfil positivo do Brasil no cenário internacional também pode cair com Dilma como líder. "Ela não possui o carisma de Lula e mostrou pouca inclinação para entrar nas arenas diplomáticas globais em que Lula construiu um nome para si e para a nação."
LE MONDE
O jornal francês "Le Monde" destaca os benefícios do apoio de Lula à candidatura de Dilma. "A herdeira politica de Lula, presidente que se beneficia de uma popularidade recorde, era dada como vencedora por todas as pesquisas após o primeiro turno. A sobrevivente de câncer de 62 anos apostou, durante a campanha, no balanço econômico dos anos de Lula, que registraram um crescimento espetacular, permitindo que milhões de brasileiros saíssem da pobreza."
"Desprovida de carisma mas com reputação de 'dama de ferro' quando estava no governo, Dilma Rousseff foi presa e torturada no começo dos anos 70, combatendo a ditadura militar. Quase desconhecida há alguns meses, essa tecnocrata deve sua ascensão ao apoio ativo do presidente que deixa o cargo. No sábado, Dilma assegurou que, se fosse eleita, manteria uma relação 'íntima e forte' com seu mentor", afirma o diário.
EL PAÍS
O espanhol "El País" ressalta o importante momento da economia do Brasil no cenário mundial. "Rousseff se converterá, aos 62 anos, na primeira presidente mulher do Brasil, e terá pela frente uma tarefa formidável em um dos países que melhor representa a emergência de novas potências mundiais."
"Lula, que a elegeu como candidata presidencial contra a opinião de muitos de seus companheiros do PT, foi um elemento decisivo na vitória, mas, como mantém o ex-ministro e sociólogo Roberto Mangabeira Unger, 'agora começa um momento destino, com uma pessoa diferente e com um trabalho que terá suas próprias exigências'", diz o jornal.
CLARÍN
O principal jornal da Argentina destaca em seu site a vitória "contundente" de Dilma, primeira mulher a exercer o cargo de presidente do "país vizinho".
Um dos textos, afirma que Lula foi a estrela da campanha de Dilma e diz que ele "falou mais do que ela nos atos eleitorais. "A chegada dela à Presidência não seria possível sem o empenho pessoal de Lula em sua candidatura, à qual conseguiu transferir parte de sua popularidade na forma de votos", afirma.
"Os assessores de Rousseff, por sua vez, se encarregaram de adoçar seu discurso e de dar ao aspecto pessoal dela uma dose de coquetismo e maior feminilidade, com a intenção de mobilizar o voto das mulheres", diz a publicação. "A nova Rousseff, por baixo dessa imagem de elegância e jovialidade que procura transmitir, se choca com a Rousseff de sempre, que, a pesar de apresentar uma cara mais amável, continua sendo uma mulher resolvida."
THE ECONOMIST
Em seu blog no site da revista "The Economist", o correspondente para a América Latina, Caribe e Canadá diz que "não houve surpresas" na eleição brasileira. A publicação destaca que a Dilma Rousseff nunca havia concorrido a um cargo público e diz que toda a sua vida política foi "nos bastidores".
"Pouco era sabido dela ou de sua personalidade. Serra era muito mais experiente e conhecido", diz a publicação. "Foram os pobres e as regiões menos desenvolvidas do Nordeste que a deram a vitória. Os ricos e mais bem-educados preferiram Serra, mas o Brasil tem poucos deles."
"Perguntados sobre se preferiam continuidade ou experiência, os brasileiros escolheram a continuidade", diz a revista. "A escolha dela do ministro das Relações Exteriores deve dar uma ideia de se ela pretende frear a política externa aventureira de Lula. E sua escolha do ministro da Economia vai mostrar se ela vai levar a sério a tarefa de colocar os gastos públicos sob controle."
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