O ministério da Cultura justificou a aprovação de um projeto para um site de poesia da cantora Maria Bethânia, que prevê captação de R$ 1,3 milhão pela Lei Rouanet.
Nesse caso, o projeto pode receber dinheiro de empresas por meio de renúncia fiscal, ou seja, parte do valor do patrocínio é abatido de imposto de renda devido.
Segundo o MinC, a "aprovação, que seguiu estritamente a legislação, não garante, apenas autoriza a captação de recursos junto à sociedade".
O projeto da cantora é o site O Mundo Precisa de Poesia, que teria um vídeo diário da cantora interpretando um poema. A direção dos vídeos seria do cineasta Andrucha Waddington.
A aprovação gerou polêmica e até um blog falso de Bethânia foi criado.
Leia a íntegra da nota
O Ministério da Cultura informou que:
Os critérios da CNIC são técnicos e jurídicos; assim, rejeitar um proponente pelo fato de ser famoso, ou não, configuraria óbvia e insustentável discriminação;
Todas as reuniões deliberativas da CNIC têm transmissão em áudio em tempo real pelo site do MinC (http://www.cultura.gov.br/ ), acessível a qualquer cidadão.
Este post não é sobre a árvore da Fê, é sobre outra árvore e uma poesia de Manoel de Barros, que o Du postou no seu comentário e gostei muito. Ilustrei com a foto da árvore da porta da minha casa. Lindas! A árvore e a poesia.
Manoel de Barros
“Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore. Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho. No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de sol, de céu e de lua mais do que na escola. No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo mais do que os padres lhes ensinavam no internato. Aprendeu com a natureza o perfume de Deus. Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul E descobriu que uma casa vazia de cigarra esquecida no tronco das árvores só serve pra poesia. No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas. Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara, envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros e tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos. Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore porque fez amizade com muitas borboletas. ( E.F. pag. 63)
Ensaios fotográficos é o décimo segundo livro de Manoel de Barros. Nele o autor mistura árvores com Bach, une Maiakovski a pássaros, mescla Shakespeare e Buson aos seus pequenos seres, combina Rabelais com pedras, exercitando todo seu talento e sensibilidade. Manoel de Barros utiliza a imagem e a fotografia como meio para a busca do instante-nada das coisas. Para tanto, encarna um fotógrafo que retrata o silêncio, o perfume, o vento, constatando: "Hoje eu atingi o reino das imagens, o reino da despalavra". EF
Jessier Quirino - Arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. É paraibano e, como eu disse, quando estive em João Pessoa, a Paraíba é terra de poetas.
Jessier declama uma de suas poesias “Vou me embora pro passado”, onde fala de coisas que ele não viveu, dada a sua idade, mas nós vivemos e sempre é bom recordar.
Jessier Quirino
Vou-me embora pro passado
Jessier Quirino "No rastro da Bandeira de Manuel"
Vou-me embora pro passado Lá sou amigo do rei Lá tem coisas "daqui, ó!" Roy Rogers, Buc Jones Rock Lane, Dóris Day Vou-me embora pro passado. Vou-me embora pro passado Porque lá, é outro astral Lá tem carros Vemaguet Jeep Willes, Maverick Tem Gordine, tem Buick Tem Candango e tem Rural. Lá dançarei Twist Hully-Gully, Iê-iê-iê Lá é uma brasa mora! Só você vendo pra crê Assistirei Rim Tim Tim Ou mesmo Jinne é um Gênio Vestirei calças de Nycron Faroeste ou Durabem Tecidos sanforizados Tergal, Percal e Banlon Verei lances de anágua Combinação, califon Escutarei Al Di Lá Dominiqui Niqui Niqui Me fartarei de Grapette Na farra dos piqueniques Vou-me embora pro passado. No passado tem Jerônimo Aquele Herói do Sertão Tem Coronel Ludugero Com Otrope em discussão Tem passeio de Lambreta De Vespa, de Berlineta Marinete e Lotação. Quando toca Pata Pata Cantam a versão musical "Tá Com a Pulga na Cueca" E dançam a música sapeca Ô Papa Hum Mau Mau Tem a turma prafrentex Cantando Banho de Lua Tem bundeira e piniqueira Dando sopa pela rua Vou-me embora pro passado. Vou-me embora pro passado Que o passado é bom demais! Lá tem meninas "quebrando" Ao cruzar com um rapaz Elas cheiram a Pó de Arroz Da Cachemere Bouquet Coty ou Royal Briar Colocam Rouge e Laquê English Lavanda Atkinsons Ou Helena Rubinstein Saem de saia plissada Ou de vestido Tubinho Com jeitinho encabulado Flertando bem de fininho. E lá no cinema Rex Se vê broto a namorar De mão dada com o guri Com vestido de organdi Com gola de tafetá. Os homens lá do passado Só andam tudo tinindo De linho Diagonal Camisas Lunfor, a tal Sapato Clark de cromo Ou Passo-Doble esportivo Ou Fox do bico fino De camisas Volta ao Mundo Caneta Shafers no bolso Ou Parker 51 Só cheirando a Áqua Velva A sabonete Gessy Ou Lifebouy, Eucalol E junto com o espelhinho Pente Pantera ou Flamengo E uma trunfinha no quengo Cintilante como o sol. Vou-me embora pro passado Lá tem tudo que há de bom! Os mais velhos inda usam Sapatos branco e marrom E chapéu de aba larga Ramenzone ou Cury Luxo Ouvindo Besame Mucho Solfejando a meio tom. No passado é outra história! Outra civilização... Tem Alvarenga e Ranchinho Tem Jararaca e Ratinho Aprontando a gozação Tem assustado à Vermuth Ao som de Valdir Calmon Tem Long-Play da Mocambo Mas Rosenblit é o bom Tem Albertinho Limonta Tem também Mamãe Dolores Marcelino Pão e Vinho Tem Bat Masterson, tem Lesse Túnel do Tempo, tem Zorro Não se vê tantos horrores. Lá no passado tem corso Lança perfume Rodouro Geladeira Kelvinator Tem rádio com olho mágico ABC a voz de ouro Se ouve Carlos Galhardo Em Audições Musicais Piano ao cair da tarde Cancioneiro de Sucesso Tem também Repórter Esso Com notícias atuais. Tem petisqueiro e bufê Junto à mesa de jantar Tem bisqüit e bibelô Tem louça de toda cor Bule de ágata, alguidar Se brinca de cabra cega De drama, de garrafão Camoniboi, balinheira De rolimã na ladeira De rasteira e de pinhão. Lá, também tem radiola De madeira e baquelita Lá se faz caligrafia Pra modelar a escrita Se estuda a tabuada De Teobaldo Miranda Ou na Cartilha do Povo Lendo Vovô Viu o Ovo E a palmatória é quem manda. Tem na revista O Cruzeiro A beleza feminina Tem misse botando banca Com seu maiô de elanca O famoso Catalina Tem cigarros Yolanda Continental e Astória Tem o Conga Sete Vidas Tem brilhantina Glostora Escovas Tek, Frisante Relógio Eterna Matic Com 24 rubis Pontual a toda hora. Se ouve página sonora Na voz de Ângela Maria "— Será que sou feia? — Não é não senhor! — Então eu sou linda? — Você é um amor!..." Quando não querem a paquera Mulheres falam: "Passando, Que é pra não enganchar!" "Achou ruim dê um jeitim!" "Pise na flor e amasse!" E AI e POFE! e quizila Mas o homem não cochila Passa o pano com o olhar Se ela toma Postafen Que é pra bunda aumentar Ele empina o polegar Faz sinal de "tudo X" E sai dizendo "Ô Maré! Todo boy, mancando o pé Insistindo em conquistar. No passado tem remédio Pra quando se precisar Lá tem Doutor de família Que tem prazer de curar Lá tem Água Rubinat Mel Poejo e Asmapan Bromil e Capivarol Arnica, Phimatosan Regulador Xavier Tem Saúde da Mulher Tem Aguardente Alemã Tem também Capiloton Pentid e Terebentina Xarope de Limão Brabo Pílulas de Vida do Dr. Ross Tem também aqui pra nós Uma tal Robusterina A saúde feminina. Vou-me embora pro passado Pra não viver sufocado Pra não morrer poluído Pra não morar enjaulado Lá não se vê violência Nem droga nem tanto mau Não se vê tanto barulho Nem asfalto nem entulho No passado é outro astral Se eu tiver qualquer saudade Escreverei pro presente E quando eu estiver cansado Da jornada, do batente Terei uma cama Patente Daquelas do selo azul Num quarto calmo e seguro Onde ali descansarei Lá sou amigo do rei Lá, tem muito mais futuro Vou-me embora pro passado
Sr Antônio, tio da Raquel, partiu hoje para se encontrar pessoalmente com Deus. Enquanto esteve por aqui, registrou, em poema, sua procura e descoberta.
Em 1955 em Campina Grande, na Paraíba, um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando chegou a polícia e apreendeu o violão. Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, então recentemente saído da Faculdade e que também apreciava uma boa seresta. Ele peticionou em Juízo, para que fosse liberado o violão.
Aquele pedido ficou conhecido como "Habeas Pinho" e enfeita as paredes de escritórios de muitos advogados e bares de praias no Nordeste.
Mais tarde, Ronaldo Cunha Lima foi eleito Deputado Estadual, Prefeito de Campina Grande, Senador da República, Governador do Estado e Deputado Federal
Clemente Drago recita o poema numa versão diferente da que eu encontrei na fonte citada abaixo. No final o nome do Juiz é outro e os versos também são diferentes. Considero, então...
Habeas Pinho apresentado com “licença poética”
Eis a famosa petição.
HABEAS PINHO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca :
O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.
É simplesmente, doutor, um violão.
Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.
O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.
Inexiste entre eles afinidade.
O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas e que povoam a vida
Sufocando suas próprias dores.
O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.
Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém seu destino se perpétua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.
Mande soltá-lo pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.
Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz,
cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
perambular na rua um desgraçado
derramando na rua as suas dôres?
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento.
Juntando esta petição aos autos nós pedimos
e pedimos também DEFERIMENTO.
Ronaldo Cunha Lima, advogado.
O juiz Arthur Moura sem perder o ponto deu a sentença no mesmo tom:
"Para que eu não carregue Muito remorso no coração, Determino que seja entregue, Ao seu dono, o malfadado violão!“
Saramago faleceu no dia 18 de junho 2010 aos 87 anos.
Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer. Então sabemos tudo do que foi e será. O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam. Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. Com doçura. Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites. Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela. Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a pedra e a raiz. Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste.
No dia 28/02/2010 fiz uma postagem sobre o filme " O Escafandro e a Borboleta" e hoje, leio em reportagem da Folha de São Paulo que a advogada e escritora Leide Moreira se comunica e escreve poesias usando os olhos, como fazia o jornalista francês Jean-Dominique Bauby (personagem do filme e autor do livro homônimo) e como faz também Stephen Hawking, físico britânico.
Na foto Leide Moreira e as atrizes Chris Couto e Fernanda D'Umbra, de xadrez - que fizeram leitura de trechos da sua obra - e os filhos Leide Moreira Jacob (37), produtora cultural, e Cesar Sandoval Moreira Jr. (39), psicólogo.(Revista Caras - Edição 787 - Ano 15 - Número 49)
OLHAR SITIADO Julliane Silveira - Folha de São Paulo - 04/04/2010 - Saúde
"Ao lado dela, há alguém para mexer suas pálpebras para cima e para baixo o tempo todo. A cada 15 minutos, é preciso pingar um colírio para hidratar os olhos de Leide Moreira. A maior preocupação dos que rodeiam essa advogada e escritora de 62 anos é manter sua vista intacta: seus olhos são seu meio de comunicação, desde que desenvolveu esclerose lateral amiotrófica, há cinco anos. A doença degenera os neurônios responsáveis pelos movimentos dos músculos, levando-os à paralisia. Hoje, permanecem só os deslocamentos bilaterais dos globos oculares. Leide leva o olhar para um sinal positivo ou negativo do polegar de seu interlocutor e, assim, expõe sua opinião, orienta funcionárias, escreve poesias. Sua consciência está perfeita. O primeiro sintoma da doença foi a perda da força da mão direita. Um dia, em novembro de 2004, ela passou a achar mais difícil lavar os cabelos, dar partida no carro, pegar o garfo e abrir a porta de casa. Até então, a rotina era intensa: coordenava o setor jurídico da empresa de marketing cultural da família e corria diariamente. Três meses depois, havia perdido a mobilidade de todo o braço direito. Um ortopedista indicou um protetor de pescoço, acreditando que poderia ser algum problema de coluna. Em agosto de 2005, Leide já estava na cadeira de rodas. Amigos indicaram um especialista em doenças neuromusculares e foi feita uma série de investigações. Parentes enviaram o histórico da doença dela a pesquisadores no exterior, em busca de um diagnóstico . "Foi um desespero total quando soube do que se tratava. Eu sempre cuidei da saúde, ia ao cardiologista, ginecologista todos os anos", diz. A filha de Leide, que herdou o mesmo nome da mãe, conta que a família entrou na fase do "vale tudo". "Era chazinho, benzedeira, centro espírita... Esse primeiro momento foi muito violento, tivemos de lidar com perdas quase diárias." Quando a dificuldade para engolir aumentou, Leide passou por uma gastrostomia (comunicação direta do estômago com o exterior). Depois, passou a respirar com a ajuda de aparelhos. Em novembro, teve de se submeter a uma traqueostomia (criação de um orifício artificial na traqueia para facilitar a respiração). Nessa época, a fala também foi ficando mais difícil. A voz ficou rouca e desapareceu.
Tabela A comunicação passou a ser feita pelo olhar. Nos primeiros meses, as respostas de Leide se limitavam a sim ou não, indicados pela direção das íris. Após pesquisas, os filhos descobriram a tabela desenvolvida para portadores da doença, formada por seis colunas, em que as letras do alfabeto e as palavras mais usadas em seu dia a dia (como dormir, silêncio e frio) são dispostas em 13 linhas. Letra por letra, Leide forma palavras e frases. A confirmação vem de perguntas de quem porta a tabela. "Na primeira coluna?" "Quarta linha?" Dois olhares para o polegar que faz sinal de positivo indicam que a palavra começa com s. "Quando rolou a primeira palavra, foi ótimo. Imagina ficar no sim ou não até acertar a pergunta do que ela está querendo?", diz a filha. Os cuidados mais minuciosos com a visão só foram estabelecidos no final de 2007, quando Leide sofreu uma úlcera em um dos olhos, ressecados por ficarem abertos muito tempo. "Depois disso, a visão se tornou prioridade", conta. Com a tabela, Leide passou a escrever poesias. Sessenta delas foram compiladas no livro "Poesias Para me Sentir Viva", publicado em 2008 em edição bilíngue, feita com patrocínios. "Aceitei a doença, mas sofro todos os dias. Hoje sou completamente dependente e aprendi a ter paciência. Não tenho privacidade", analisa. As responsáveis por transcrever os textos são quatro cuidadoras contratadas, que se revezam 24 horas. Também leem para ela o jornal diário e livros. A primeira poesia, no entanto, foi transcrita pela filha:
"Minha vida vai se esvaindo não sei se vou chorando ou sorrindo sorrindo pondo fim a uma agonia que não aguento mais chorando por deixar para trás pessoas que amo demais."
As funcionárias também "ouvem" broncas quando o trabalho não é feito corretamente. "Tem dia em que a tabela ferve", brinca a filha. Leide não gosta de conversas fúteis entre as cuidadoras. São elas que também dão o apoio necessário para Leide sair de casa, o que ocorreu quatro vezes desde que surgiu a doença. A primeira foi para lançar o livro, três outras para assistir a shows de Ney Matogrosso e Maria Bethânia. A operação é complexa, claro: ela vai de ambulância, precisa de autorização médica e de espaço extra para acomodar os aparelhos de respiração. Entre os novos projetos de Leide, está outro livro de poesias e um documentário sobre sua vida, com lançamento previsto até o final desde ano, produzido pelos filhos. Todo dia, faz exercícios com fisioterapeuta e fonoaudiólogo. Às 17h, circula pelo apartamento na cadeira de rodas. No resto do tempo, fica na cama. Essa rotina virou poema:
"Num quarto de apartamento sitiada por fora e por dentro meu mundo é um vai e vem das coisas que o quarto contém".
Bom dia, tristeza. Difícil imaginá-la pior, A vida se tornou um rio seco, uma floresta devastada, Não existe mais o Encontro, Não existe mais Amor! Só ficou mágoa, ressentimento e dor.
Já lhe dei meu corpo, minha alegria Já estanquei meu sangue quando fervia Olha a voz que me resta Olha a veia que salta Olha a gota que falta pro desfecho da festa Por favor Deixe em paz meu coração Que ele é um pote até aqui de mágoa E qualquer desatenção, faça não Pode ser a gota d'água
Tu tens um medo: Acabar. Não vês que acaba todo o dia. Que morres no amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo o dia. No amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de morrer.
No fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto
a partir desta data, aquela mágoa sem remédio é considerada nula e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso, maldito seja que olhas pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais
mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande, e aos domingos saem todos a passear o problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas.
Mary Rita Schilke Korzan escreveu um poema para sua mãe há 24 anos, agradecendo por tudo que ela tinha feito como mãe, amiga e modelo. No seu casamento, o poema foi lido como tributo à sua mãe. Então, muitos convidados do casamento pediram uma cópia. Amigos passaram para outros amigos. Um ministro não conseguia lembrar quem dera para ele, mas incluiu-o como "escritor anônimo" em seu livro sobre amar os outros. Outro autor pegou de lá para a sua compilação de trabalhos, até que Mary finalmente encontrou seu poema, listado como de "Autor Desconhecido". Mary Rita Schilke Korzan é mãe de três filhos e vive em Granger, Indiana, com seu marido.
Quando você pensava que eu não estava olhando
Mary Rita Schilke Korzan
"Quando você pensava que eu não estava olhando, você pendurou meu primeiro desenho na geladeira, e eu quis pintar outro.
Quando você pensava que eu não estava olhando, você deu comida a um gato perdido, e eu pensei que era bom cuidar de animais.
Quando você pensava que eu não estava olhando, você fez um bolo de aniversário só para mim, e eu entendi que coisas pequenas eram especiais.
Quando você pensava que eu não estava olhando, você orou, e eu acreditei que havia um Deus com quem eu sempre podia falar.
Quando você pensava que eu não estava olhando, você me deu um beijo de boa noite, e eu me senti amado.
Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi lágrimas descendo dos seus olhos, e eu aprendi que às vezes coisas doem – mas que não faz mal chorar.
Quando você pensava que eu não estava olhando, você sorriu, e me fez querer ficar bonita(o) daquele jeito também.
Quando você pensava que eu não estava olhando, você se importou, e eu quis ser tudo que podia.
Quando você pensava que eu não estava olhando – eu olhava … e queria lhe agradecer por todas aquelas coisas que você fez quando você pensava que eu não estava olhando."
Recebi este poema da Cristina Pintaudi e além de achá-lo maravilhoso, ele serve como reflexão tanto para os pais como para os filhos. Para os pais porque é inegável a importância do exemplo. Ele educa muito mais que as palavras. Todos os pais devem pensar nisso. Para os filhos porque, quando crescem, muitas vezes se esquecem que muito do que se tornaram foi porque "olharam" e aprenderam.
Este texto "Vida" correu pela Net como se fosse de Charles Chaplin. É de Augusto Branco. Agora, por favor, me explique. Que roupa é essa do Rodrigo Lombardi? Ou ele pensou que o texto era de Chaplin e se fantasiou? E o choro? Forçou. Fora isso a interpretação ficou legal e o texto é muito bonito.
Vida
Augusto Branco
Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas que eu nunca pensei que iriam me decepcionar, mas também já decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger, já dei risada quando não podia, fiz amigos eternos, e amigos que eu nunca mais vi.
Amei e fui amado, mas também já fui rejeitado, fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de amor e fiz juras eternas, e quebrei a cara muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos, já liguei só para escutar uma voz, me apaixonei por um sorriso, já pensei que fosse morrer de tanta saudade e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi! E ainda vivo! Não passo pela vida. E você também não deveria passar!
Viva!!
Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é "muito" para ser insignificante.
A cada instante se criam novas categorias do eterno.
Eterna é a flor que se flana Se souber abrir é o menino recém-nascido antes que lhe dêem o nome. e lhe comuniquem o sentimento do efêmero é o gesto do enlaçar e beijar na visita do amor às almas eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata é minha mãe em mim que a estou pensando de tanto que a perdi de não pensá-la é o que se pensa em nós se estamos loucos é tudo que passou, porque passou é tudo que não passa pois não houve eternas as palavras, eternos os pensamentos; e passageiras as obras Eterno, mas até quando? É esse marulho em nós de um mar profundo. Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos afundamos. E tentação e vertigem; e também a pirueta dos ébrios.
Eternos! Eternos, miseravelmente. O relógio no pulso é nosso confidente.
Mas não quero ser senão eterno. Que os séculos apodreçam e não reste mais do que uma essência ou nem isso. E que eu desapareça e fique em chão varrido onde pousou uma sombra E que não fique no chão nem fique na sombra mas que a precisão urgente de ser eterno bóie como um esponja no caos e entre os oceanos de nada gere um ritmo.
Carlos Drummond de Andrade - Poesia Completa Fazendeiro do Ar Editora Nova Aguilar p. 407-9
As notícias de jornal relatando casos de violência contra o Professor são constantes. Terça feira, dia 13, Ruy Castro definiu bem esta situação na Folha de São Paulo.
Ao mestre, com desprezo Ruy Castro
"Em março, um professor de história, filho de um amigo meu, foi desacatado em sala por três alunos num colégio em Moema, zona sul de São Paulo. O mestre deu queixa na diretoria. Esta apoiou os desordeiros. O professor pediu demissão e foi para casa, onde teve uma crise nervosa. Passa agora por uma síndrome do pânico. A orientadora da escola, única pessoa a apoiá-lo, foi demitida. Este é um colégio de classe média, em que os alunos se sentem com privilégios pelo fato de pagar altas mensalidades. Mas, nas escolas públicas, a realidade é ainda pior. Mais de cem casos de alunos que desrespeitam professores são relatados diariamente à Secretaria Estadual da Educação de São Paulo por um sistema de registro de ocorrências do gênero. A maioria dos casos vem da região metropolitana de São Paulo. São alunos que desprezam a liturgia da escola, saem da sala sem autorização do professor e o ofendem verbalmente quando ele ousa protestar contra a zorra. Usam toda espécie de aparelho eletrônico durante a aula, de celular a IPod, e, certos da impunidade, destroem equipamentos ou instalações da escola na frente dos colegas e funcionários. Uma das principais diversões é pôr fogo nas lixeiras. É o terror. As escolas cogitam instalar câmeras em suas dependências, para ter provas documentais contra os vândalos e padronizar as informações, o que permitirá estabelecer estratégias de combate à violência. Mas nada impede que os cafajestes -difícil chamá-los de alunos- roubem também as câmeras e riam das estratégias. Os jovens valentões que agrediram o professor em Moema (aliás, com o apoio da classe) foram expulsos do colégio meses depois. Mas não por indisciplina. Deixaram-se apanhar traficando drogas dentro das instalações."
No ano de 1970 dei aula em Centralina -Mg e um aluno da 8ª série do curso noturno do Ensino Fundamental escreveu:
A Despedida
"Delma, o fim do ano está chegando Vamos de ti separar A Deus farei uma prece Pra Ele te ajudar. Guardarei sua lembrança Até o fim do mundo Não esquecerei de você Nem mesmo um só segundo Neste fim de ano Vamos bacharelar Com uma dor no coração Vamos de ti separar .............. A vida é assim mesmo Temos que conformar Quando estiveres bem longe De nós sei que vai lembrar ................... Termino os meus versinhos Com a metade do coração A outra metade ofereço Para sua recordação" (W.A.G. 01/12/1970)
Na E.E.Bueno Brandão, onde trabalhei até me aposentar, recebi esta cartinha fofa.
Uberlândia, 14/10/83 Para D.Delma
A gente se encontra só uma vez por semana e por isso não podemos ficar mais tempo com uma professora tão legal como a senhora. Suas aulas são como um doce, quanto mais come mais quer. Neste dia 15 e em todos os outros eu queria que a senhora fosse muito feliz. D.Delma, se todas as professoras fossem como a senhora, só não estudaria quem não quisesse. Desejo lhe muita felicidade para todo o sempre. Da aluna que a adora (I.T.G - 5ª série B)
Cartões, bilhetes, recados com demonstrações de afeto e respeito dos alunos por mim foi a maior recompensa pelos meus 22 anos de magistério. Estão guardados na caixa e no coração.
Alguém enviou um PPs pra Regina que dizia "Acredito, não haver brasileiro, que não tenha lido ou recitado esses famosos versos de Casimiro de Abreu, porém certamente, ninguem o fez como o genial e saudoso ator Paulo Autran: melodia, ritmo, entoação, pausa e emoção inigualáveis....Para apreciar. " A Regina repassou pra Cristina dizendo "Para minhas amiguinhas prediletas que com certeza recitaram esta velha poesia com um baita laço de fita nos cabelos." (Regina e Cristina Pintaudi são minhas primas)
A Cristina repassou pra mim e como não sei se tem jeito de postar PPs, achei este vídeo no Youtube que achei lindo e divido-o com vocês.