sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Roberto Carlos e a chegada do Marcelo
Festa da Família II - Fernanda
Fernanda e a Árvore
Fernanda é minha sobrinha e sempre tive uma sintonia absurda com ela. Quando ela nasceu eu tinha 17 anos e apesar de já ser tia desde os 14, foi com a Fernanda que eu convivi mais. Foi a única sobrinha que ficou morando aqui em Uberlândia. E a partir dos seus 2 anos mais ou menos, ela mostrou uma capacidade de memorização impressionante. E aí…dá-lhe informações. Ela aprendia tudo. Ensinei histórias, parlendas, a declamar, cantar, e…a representar (se é que alguém ensina isto). Só não ensinei a dançar. E exatamente a dança foi o caminho que ela escolheu. Olha o tamanho da minha influência. Daí, mudou-se para Belo Horizonte e se juntou à turma dos sobrinhos ausentes. No final de ano, meus irmãos vinham com as famílias para as Festas. O Natal era na minha casa e enquanto minha mãe cuidava da ceia eu cuidava da apresentação das crianças . As sobrinhas Laurister, Angela, Fernanda e Claudia tinham a maior disponibilidade para os ensaios e participação. Eram os teatrinhos com temas natalinos, jogral, coral, etc.
Fernanda não pode comparecer à nossa Festa da Família deste ano, porque coincidiu com o dia da apresentação do Uai Q Dança, então ela gravou este vídeo para mim.
Veja o vídeo e eu conto a história da Árvore.
Eu não me lembro dessa história de jeito nenhum, mas segundo elas eu as preparei para declamarem uma poesia. A Fernanda diria o título, o autor e a primeira estrofe. Na sequência, Laurister, Angela e Cláudia declamariam suas respectivas estrofes. Na hora da apresentação, a Fernanda, pomposamente, ( ela era bem dramática e metida) disse o Título, o Autor e esqueceu sua primeira estrofe. As primas e o público que assistiam (família e agregados) ficaram esperando. Ao invés de confessar que esquecera sua parte, ela ficava repetindo indefinidamente o Título e o nome do Autor. Procurei na Net se tem uma poesia chamada “Árvore” de Olavo Bilac, e encontrei “Velhas Árvores”. Será que foi esta? Sendo esta ou não, peço a Fernanda que repita 100 vezes esta estrofe …
“Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas... “
Só assim ela ficará curada deste trauma de infância que felizmente não impediu que ela se tornasse a grande estrela que é. Temos o maior orgulho da sua trajetória artística e cultural na nossa cidade. 20 anos promovendo Arte e Cultura é coisa linda de ver e sentir.
Parabéns, Fernanda e Obrigada. Te amo muito. Sua homenagem foi linda!
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Casamento da Gretchen
Veja outras fotos de mais um casamento da Gretchen, agora com o empresário Sílvio Alves, que aconteceu no dia 15 de dezembro de 2010 em Goiânia, clicando no link http://claudilicearagao.blogspot.com/2010/12/casamento-gretchen-em-goiania.html
domingo, 26 de dezembro de 2010
Cervejas II -
Ótima cerveja belga da Brasserie St Bernard.
Por Carlos Henrique.
Ela tem uma cor marrom, bem turva. O creme é o que mais me impressionou : otima espessura e transição... além do ótimo sabor e textura. O aroma desenvolve com o tempo, o que é genial em uma cerveja. Ela tem uns tons de pera, abacaxi e um fundo torrado. Não sentimos o álcool logo de cara, e olha que ela é bem alcóolica :10%. A cerveja é bem encorpada e bem cremosa. A Bernardus Abt 12 é bem equilibrada na boca, mas um pouco adstringente no fim...seu unico "defeito" é ter o final médio para baixo... o gosto nao fica muito tempo na boca, na verdade fica um tempo "médio".
Se eu nao me engano ela é uma cerveja de dupla fermentação, sendo a segunda (com adiçao de açúcar e fermento) na garrafa. De tradiçao Trappiste "Abbey Ale".
Nota segundo a maneira Brejas de avaliar (0,5 - 5) : 4,4
Vale lembrar a dica de tomar na temperatura certa (entre 6 e 10 graus), pq comecei a tomá-la gelada (uns 3 graus) e os aromas nao se desenvolvem direito, além do frio esconder o gosto também...
Uma ótima cerveja, vale a compra.
Uma cerveja que gosto muito, e uma das primeiras que tomei quando cheguei na França. Ela é forte e encorpada, do jeito que eu gosto.
Eu gosto muito dessa cerveja. Ela é bem alcóolica, mas não sentimos o álcool no gosto. Mas ele sobe rapidinho, rapidinho.
A Eku 28 é uma cerveja alemã, da região da baviera. Ela é uma AOP (Apelaçao de Origem Protegida) e é fabricada pela Kulmbacher Brauerei Aktien-Gesellschaft.
Tipo : Doppelbock
Cor : alaranjado bem escuro
Textura : a cerveja é bem "transparente" e untuosa. Varias bolhas.
Aroma : um cheiro de caramelo muito gostoso
Sabor : bem longo. Depois de um tempo ele fica um pouco doce. Bem equilibrado, com o lupulo e o malte bem presentes... uma delicia de cerveja. Nao se sente o álcool.
Fermentaçao : baixa
Alcool : 11%
Nao tomar muito gelada, pois ela perde todo o seu aroma. Tomar entre 5 e 7 graus.
Nota (segundo a maneira de avaliar da Brejas.com.br 0,5 - 5) : 4.
Carlos Henrique (Caíque), doutorando em música para cinema em Lyon, na França, provando e opinando sobre queijos e cervejas. - http://gourmetglutao.blogspot.com/
Mudando de Assunto–Danuza Leão
Quando leio alguma coisa que gosto muito, penso: eu poderia ter escrito isto ( se eu tivesse o dom da escrita, é claro). É o caso desta crônica da Danuza, muito oportuna nesta época em que pais, avós, padrinhos e tios se tornam extremamente generosos na hora de presentear as crianças.
“COM O DÓLAR BAIXO e as viagens mais acessíveis, muitos casais agora viajam para o exterior levando os filhos. Ouviram falar que viagem educa e pensam estar contribuindo para o futuro de sua prole da melhor maneira, isto é, viajando; mas não sei se é bem por aí.
Aos dois anos eles vão à Disney e a Miami, aos quatro a Nova York, e aos seis, sete, já fizeram um tour pela Europa (sete países em 21 dias).
Se o pai esquiou e surfou na juventude, antes dos 16 as crianças terão passado uma temporada numa estação de esqui e outra surfando nas Maldivas, do outro lado do mundo.
Quem vai a Nova York aos sete, vai lembrar de alguma coisa da viagem além do susto com o tamanho dos edifícios, das montanhas de pipoca e batatas fritas e dos tênis que comprou? Provavelmente não -e nem falar inglês vai aprender.
Para começar, nessa idade se viaja mas não se entende quase nada do que se vê. Para fazer uma viagem que valha mesmo a pena, primeiro é preciso querer muito ir para aquele destino, por uma ou várias razões.
Geralmente essa curiosidade, ou melhor, esse interesse, começa com a história, os livros, os filmes, as músicas. Enquanto a viagem não acontece, existem mais livros, mais filmes, mais músicas, para que se deseje e sonhe mais ainda.
Tem alguma coisa melhor do que realizar um sonho sonhado durante muito tempo?
Cada um fala por si, claro; em criança eu sonhava com Paris, e nunca pensei que fosse lá algum dia. Mas sonhei tanto, que um dia fui, e minha emoção e minhas recordações estão dentro de mim até hoje, intactas. Eu conhecia Paris antes de conhecê-la, e cada rua, cada museu, cada café me remeteu aos sonhos que povoaram minha adolescência.
Valeu, ah, se valeu, e sou uma privilegiada, pois a cada vez que vou é como se fosse a primeira. E quando vejo crianças andando com os pais no Champs Elysées, fico pensando: será que eles ouviram falar que antes do desenho da cidade pelo prefeito Haussmann, Paris era uma favela? Que um dia o Exército de Hitler passou pelo Arco do Triunfo e desceu pela avenida mais linda do mundo, para humilhação dos franceses? Que quando Paris foi libertada pelo general De Gaulle, ele desceu a mesma avenida com o povo aplaudindo, num dos momentos mais emocionantes da história?
Se soubessem disso -e de várias outras coisas-, essa viagem não teria sido diferente, infinitamente melhor? E adianta ver o túmulo de Napoleão sem saber pelo menos parte de sua história? Claro que não.
O triste é que essas crianças que crescem conhecendo o mundo todo perdem a capacidade de desejar, de sonhar. Estou cansada de ver uma garotada sem vontade de nada, pois já tiveram tudo, desde cedo; entendem de sushi, conhecem as grifes, possuem todos os iPads e iPods do mundo e não conseguem se deslumbrar com mais nada.
Perguntei a um deles outro dia em que pretendia trabalhar (isso já aos 25!) e ouvi como resposta que ainda não sabia, mas que o importante era ser feliz. Mas como assim, ser feliz?
Não havia um objetivo mais concreto, uma curiosidade louca de conhecer alguma coisa, de ir a algum lugar, de sonhar, fosse com o que fosse? Não, ele só queria ser feliz.
É bem legal querer ser feliz, mas é pouco.”
danuza.leao@uol.com.br
São Paulo, domingo, 19 de dezembro de 2010
sábado, 25 de dezembro de 2010
Quem é o palhaço?
Por Eliane Catanhede
“Para os céticos e mal humorados de sempre, aqui vai uma excelente notícia: o Brasil está tão poderoso, mas tão poderoso, que não apenas vai solucionar o conflito do Oriente Médio como já começa a humilhar os países ricos. O resto do mundo que se cuide!
A jornalista Érica Fraga mostrou que, com o aumento de 62% nos salários de deputados e senadores, o Brasil vai gastar mais com seus congressistas do que Estados Unidos, Japão e União Europeia!
A remuneração anual vai a US$ 204 mil, mas não fica "só" nisso. O país é tão pródigo que lhes dá também auxílio moradia, passagens a rodo, correspondência grátis, carros com motoristas para uns, polpudos planos de saúde para todos. E, assim, os US$ 204 mil pulam para US$ 896 mil por ano.
Que não venha essa imprensazinha brasileira, tão sem controle (por enquanto...), fazer comparações desagradáveis de mérito: o que os nossos parlamentares fazem aqui, o que os outros fazem por lá e o que os países e seus povos lucram -ou perdem- com isso.
E o melhor da história é o efeito cascata: aumenta o salário dos parlamentares em Brasília, aumentam os salários dos parlamentares no país inteiro. Uma verdadeira festa às vésperas do Natal nesse Brasil tão varonil, cheio de encantos mis.
O Tiririca não tem nenhum motivo para estar tiririca e está rindo de orelha a orelha desde que pisou no Congresso, confirmando que, ao contrário do que ele dizia, pior do que está sempre pode ficar.
Os tiriricas de São Paulo e do resto do país estão de parabéns porque são mais espertos do que todo o mundo desenvolvido. Besta mesmo é quem paga conta, além, é claro, dos 14 milhões de miseráveis que continuam vivendo em condições medievais, à espera de um "futuro" que insiste em chegar antes para uns do que para outros.
Pensando bem, o Tiririca não tem nada de palhaço. Os verdadeiros palhaços somos nós.”
elianec@uol.com.br
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
"Realidade Re-Vista" traz jornalismo audaz
Colecionei a Revista Realidade, me desfiz da coleção, porém guardei alguns números especiais. Agora a revista será revivida em forma de livro. Idéia boa essa.
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
“Talvez só tivesse sido possível realizar no Brasil um projeto jornalístico tão audacioso e bem-sucedido como o da revista "Realidade" na década de 60: 1966.
Muitas e raras condições para uma "tempestade perfeita" se juntaram: um grupo de jornalistas de extraordinário talento, um público ansioso por insumos intelectuais que lhe permitissem compreender os fenômenos da sua época plena de transformações de toda espécie, um mercado que comportava iniciativas arrojadas, uma empresa jornalística com saúde financeira e disposta a correr riscos.
O fato é que não houve antes e provavelmente nunca haverá nada parecido.
Isso explica o fascínio que "Realidade" provoca até em pessoas que nem eram nascidas quando ela deixou de existir, 42 anos atrás (uma sucessora homônima a sucedeu até 1976 sem lhe chegar aos pés), mais ainda nas que esperavam ansiosamente uma vez por mês o dia em que ela chegava às bancas, sempre instigante, inteligente, surpreendente.
DESTAQUE CULTURAL
Dois veteranos daquela aventura, José Carlos Marão e José Hamilton Ribeiro, resolveram, com o editor José Luiz Tahan, revivê-la um pouco na forma de livro.
Escolheram e colocaram juntas algumas das reportagens que a revista publicou. E produziram comentários e textos atuais sobre elas e sobre o grande projeto.
Num deles, Marão enfatiza que, ao contrário da mitologia criada, não foi na política, mas na área da cultura, que "Realidade" foi de fato grandiosa no seu conteúdo.
A identidade entre leitores e revista era intensa porque ela os ajudava a compreender as perplexidades que pílula anticoncepcional, liberação feminina, conquista do espaço, igualdade racial, urbanização acelerada, transplantes cardíacos, teologia da libertação lhes causavam.
Por ser mensal, o que muitos consideravam loucura, sua pauta tinha de se livrar do cotidiano imediato, no que ela radicalizou, tendo feito algumas edições especiais que poderiam ter a perenidade de um livro (como o relançamento de uma sobre a mulher brasileira em 1967).
Por ser do tempo em que era proibido proibir, seus repórteres tinham a liberdade de escrever como quisessem e, como eram muito bons, souberam tirar pleno proveito dessa liberdade, para total desfrute da audiência.
"Realidade Re-Vista" leva os leitores para aquela época (de volta, no caso dos mais velhos, talvez pela primeira vez, no dos jovens) com os textos históricos e os que reconstituem a história. José Hamilton Ribeiro tem a minúcia de contar que filmes estavam em cartaz em abril de 1966, as cotações do dólar, os comentários de senhoras mineiras à coleção de Pierre Cardin em que as saias curtas preponderavam.
Essa viagem ao passado vale a pena ser feita. Inclusive para entender melhor o presente e vislumbrar o futuro com mais nitidez.
REALIDADE RE-VISTA
AUTORES José Hamilton Ribeiro e José Carlos Marão
EDITORA Realejo
QUANTO R$ 70 (436 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo
LANÇAMENTO segunda, dia 20/12, no Posto 6, às 19h (rua Aspicuelta, 646; tel. 0/xx/11/3812-4342).
Fonte: São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2010
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Janelas Encantadas - 2010
No dia 17, sexta feira, levei minhas netas para assistirem a 7ª edição do espetáculo Janelas Encantadas. Um cronista da Folha de São Paulo, (não me lembro quem), disse que quando vai a um espetáculo ruim, sente se envergonhado como se ele tivesse produzido aquilo. Foi a sensação que eu tive, um desconforto e vergonha pelo rapaz que representou o Anjo. Minha neta de 7 anos fez a seguinte observação: “Vovó, aquele moço tá pagando um mico!” Não preciso dizer mais nada!
O Papai Noel desceu, distribuindo balas e provocando o choro das crianças que não conseguiram pegar a sua.
Elizete e as Tatuagens
Lembram do Casamento da Ludmilla e do Tiago? A grande surpresa do casamento foi a Tia Elizete e suas tatuagens.
Elizete veio de Ipatinga lá do Vale do Aço provando que sua vontade de ferro plantou estrelas no ombro, no braço, no pulso,
nas costas,
e cravou nos pés seu amor eterno pelos filhos.
Elizete estava na Igreja à nossa frente e quando chegamos, olhou prá nós e disse: Conheço vocês por fotos e desandou a falar como se fossemos veeeeeeeeeelhas amigas. O mundo seria bem melhor se as pessoas tivessem a alegria de viver, a espontaneidade e a simpatia da Elizete. Quem não quer ter uma tia assim no dia do seu casamento? Valeu Elizete.
Queijos - V
Compté
Por Carlos Henrique
Ta ai uma "trancha" do queijo
Clássico queijo francês.... o Compté é frabricado desde a Idade Média (com outros nomes e receitas um pouco diferentes... O Compté atual é derivado de queijos da regiao da Gruyère).
Atualmente, sua grande regiao de fabricação é a Franche-Compté... mas ele é fabricado no Jura, Savoie e outro lugares também... vale lembrar que ele foi o primeiro queijo AOC da França...
Ótimo queijo. Esse que comprei foi "afinado" durante 12 meses (ele varia de 4 a 36 meses de maturaçao ! meu recorde foi um de 18 meses, em uma feira aqui em Lyon). Ele tem um textura muito boa, bem untuoso e não tão seco quanto aparenta ser... seu sabor é bem fino, doce, frutado e com um fundo de boca muito forte e bom...
O Comté a gente encontra no Brasil, mas quando for comprar, dê uma olhada no tempo de maturação e compre um mais velho (de 12 meses pra cima)... É uma experiencia comer um queijo.
Montbriac
Queijo de gosto bem ligeiro esse Montbriac... mas muito bom, e bem cremoso, mas nao desses que escorrem, ele é um pouco mais firme, bem untuoso... ele tem esse gosto mais "leve" pois ele é feito de leite de vaca pasteurizado e não tem tempo de "afinagem"...
Ele é feito na Auvergne, no Haut-Loire.
Para quem esta "começando" a experimentar queijos franceses eu sugiro começar por esse, pois ele nao é tão forte em gosto nem em cheiro, depois pode ir subindo em "gosto", tipo um Saint-Félicien, Saint-Marcelin (que eu ainda nao coloquei aqui), Brie de Meaux, etc.
Esse é um "classico" : Saint-Félicien.
Otimo queijo de leite de vaca de massa mole. Dependendo de sua afinagem ele só tem a "casca" mais durinha e é bemmm cremoso por dentro.... a Iara adora esse queijo... ele é um pouco mais doce que os queijos desse tipo e tem um fundo de boca bem longo....
Ele é feito na cidade de mesmo nome e infelizmente ainda não é um AOC (então existem outros Saint-Féliciens que não são como esse)... ele é feito aqui perto de Lyon, e é um queijo que nao pode faltar aqui em casa. Passando na frente de um, pode comprar, ele é realmente muito bom...principalmente quando ele esta bem cremoso....
Mas cuidado, com o tempo, dentro da geladeira, ele começa a ficar "picante" no fundo da boca.... entao é um queijo que não dá prá guardar muito tempo na geladeira não... uma semana é um tempo bom, mais que isso é na sorte.
Ele é um queijo "azul" (com "ranhuras" de "mofo" ele usa por exemplo a pelicillium roqueforti) de massa dura. é interessante experimentar um queijo bleu de massa dura, normalmente ele tem a massa mole, assim como o roquefort e o gorgonzola.
O Bleu de Gex é feito de leite cru de vaca (principalmente as da raça montbéliarde ou simmental). Ele é produzido em uma região aqui da França que se chama Jura (uma regiao montanhosa... de otimos vinhos, com caracteres bem interessantes).
Ele é também um AOC, que recebe o nome de Apelação de Origem Controlada de Bleu de Gex, ou Bleu de Septmonsel, ou ainda Bleu du Haut-Jura. A historia conta que ele começou a ser feito no seculo XIII, pelos monges da abadia de Saint-Claude.
Ele é bem seco, e tem um toque de nozes, ou castanhas no fim. A parte mais interessante do seu gosto é o "fundo de boca" (o gosto que fica na boca). Mas no mais, ele não é forte como os queijos azuis normalmente o são.
Um bom queijo, mas diferente (acho que essa é a marca registrada dos produtos do Jura...).
Feito na regiao de Brie (que fica perto de Paris). Ele recebe o nome Meaux por conta da comunidade de mesmo nome.
O Brie de Meaux é um queijo à base de leite de vaca de massa mole e "casca" "mofada" (com aspecto meio aveludado).
Normalmente eu sou resistente ao Brie, porque quando a gente compra ele em supermercado, normalmente ele é pasteurizado, e seu gosto é bemmmm mais ou menos (na verdade ele não tem gosto). O engraçado é que ele se chama só Brie... porque o Brie de Meaux é um AOC, então o Brie de supermercado é genérico, ou seja, não segue as ordens de fabricação do "verdadeiro" Brie... e o tal de Brie de Meaux AOC, é bom com força... bem cremoso no centro, mais fime dos lados de fora... um sabor que preenche a boca e um aroma bem desenvolvido.
Otimo queijo. Para cozinhar ou para comer com pão, sobremesas ou puro :)
Mas não se deixe passar a perna, se não for Brie de Meaux, nao compra , pq vc vai estar pagando a fama do Brie, e não a qualidade do queijo....
Carlos Henrique (Caíque), doutorando em música para cinema em Lyon, na França, provando e opinando sobre queijos e cervejas. - http://gourmetglutao.blogspot.com/
Coleção reúne "literatura" no Twitter
ROBERTO KAZ
O motorista que abastece o carro em um posto de gasolina, em Belo Horizonte, pode estar consumindo petróleo de Eike Batista. O empreiteiro que constrói um edifício na Vila Nova Conceição, em São Paulo, pode estar usando aço de Eike Batista. O pedestre que caminha na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, estará ladeado de águas despoluídas por Eike Batista.
O que o brasileiro não esperava era adentrar uma livraria e dar de cara, entre Machado de Assis (1839-1908) e Fiódor Dostoievski (1821-1881), com um livro assinado por Eike Batista. Isso, até a última quarta-feira, 15 de dezembro, data do lançamento da série "Clássicos da Twitteratura Brasileira".
A coleção, publicada pela Suzano Papel e Celulose, agrupou 15 tuiteiros, em uma lista que inclui, além do empresário, o cantor Leo Jaime, o psicanalista Flávio Gikovate e o poeta Fabrício Carpinejar, entre outros. Cada um foi agraciado com um livro próprio, de 24 páginas, contendo 20 tweets.
Assim, o leitor pode escolher entre um ensinamento de Eike Batista ("Quer ser diferente? Tem que trabalhar diferente. Tem que suar a camisa, sim!"), uma alfinetada de Felipe Neto ("Tô me sentindo feliz... Vou dizer que amo todos vocês no próximo tweet."), uma delicadeza de Fabrício Carpinejar ("Passamos a amar quando telefonamos para ficar em silêncio."), ou um desabafo de Hugo Gloss ("BOM DIA dedo mindinho! Qual sua função na vida além de bater na quina das coisas? Vamos ser + produtivos? Obrigado!").
Adriano Canela, gerente executivo de estratégia e marketing da Suzano, diz que a ideia da série foi mostrar que frases do Twitter, de 140 caracteres, ganham um brilho especial se impressas em papel de livro. "Fala-se muito sobre a ameaça do mundo digital, sobre o fim da palavra impressa. Mas esses dois meios -o papel e a tela do computador- podem ser complementares", apontou.
Para formar a lista de tuiteiros, Canela definiu quatro temas (humor, autoajuda, relacionamento e opinião) e contratou os publicitários Paulo Lemos, Daniela Ribeiro e Rodrigo Zannin, da agência Santa Clara, para levantar nomes que se encaixassem nessa lista.
DEDICAÇÃO
Paulo Lemos, da Santa Clara, diz que buscou frases atemporais, pouco atreladas a eventos específicos. "Decidimos também não publicar autores "fakes" [aqueles que, em chacota, se fazem passar por celebridades]. Por isso não escolhemos o Victor Fasano, que é um clássico da internet", contou.
Lemos diz que o número de seguidores não foi um fator determinante na escolha: "Publicamos o Felipe Neto, que tem 900 mil seguidores. Mas também fizemos um livro do Alexandre Rosas (o @alelex88), que, embora seguido por menos de 5.000 pessoas, é importante em ditar tendências". O processo, da elaboração à publicação dos livros, durou dois meses.
Adriano Canela, da Suzano, diz ter se surpreendido ao conhecer os autores. "Eu, como acontece nas relações virtuais, nunca tinha visto os tuiteiros pessoalmente. Mas percebi que a maioria se dedica com afinco a isso. Para eles, não é apenas uma aventura."
CLÁSSICOS DA TWITTERATURA BRASILEIRA
AUTOR Eike Batista, Fabrício Carpinejar, Xico Sá, Silvio Lach, Flávio Gikovate, Leo Jaime, Felipe Neto e outros
EDITORA Suzano Papel e Celulose
QUANTO R$ 5 cada exemplar (24 págs.), na Livraria da Vila
Fonte: São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2010 Folha de Sao Paulo - Ilustrada.
Saldo Favorável
Folha de S.Paulo - Editorial: Saldo favorável - 19/12/2010
Foto: http://www.upira.com.br/butecodomax/?p=15714
“Prestes a encerrar seus oito anos de mandato, o presidente Lula apresentou quarta-feira um extenso balanço da gestão. Como era de esperar, o relato contém abundantes autoelogios, algumas fantasias e nenhuma autocrítica.
No entanto, ao observador isento o exame dos resultados durante os dois governos consecutivos indica um saldo muito favorável.
Político intuitivo, Lula descartou a tentação do manejo demagógico da economia. Manteve a política econômica responsável iniciada por seu antecessor e colheu os frutos dessa sábia decisão.
No período, a economia cresceu 37,3% (média anual de 4%). As exportações do país mais do que triplicaram. A inflação caiu de 12,5% para 5,6% ao ano. A taxa básica de juros reais também cedeu, de 15% para 6%. O desemprego foi reduzido pela metade. A dívida externa foi paga.
Seu governo foi beneficiado, é verdade, por um contexto internacional favorável. Apesar da crise financeira de 2009, o formidável dinamismo da China puxou o crescimento das principais economias emergentes, que nestes oito anos se expandiram até mais do que o Brasil.
Ainda assim notável, o progresso obtido não é imune a críticas. Lula não soube aproveitar a imensa popularidade acumulada para promover reformas que tornassem a economia mais competitiva e o Estado mais eficiente.
Impondo à sociedade uma carga tributária superior a um terço do Produto Interno Bruto, o Estado presta serviços em educação, saúde e infraestrutura que, apesar de avanços, continuam a ostentar má qualidade. Houve uma incrustação maciça de militantes na máquina federal, bastando ressaltar nesse sentido que os cargos de confiança aumentaram 50%.
Quanto aos costumes políticos, o desempenho foi deplorável. Para garantir hegemonia no Congresso, o governo utilizou expedientes escusos sob evidente beneplácito presidencial. O mais notório dos escândalos, o mensalão -revelado pela Folha em junho de 2005-, foi a ponta visível de um iceberg de ilegalidades impunes.
A política externa foi orientada pelo elogiável intento de ampliar a autonomia do país e sua influência no mundo. Sua consecução, porém, pecou por desnecessária proximidade com autocracias como Cuba e Irã e pela complacência para com outros violadores de direitos humanos.
Tais ressalvas não empanam o maior êxito do governo Lula, expresso numa relevante melhora nas condições de vida dos mais pobres. Isso deveu-se ao próprio crescimento econômico, mas também à expansão dos programas de transferência de renda, do crédito popular e do aumento real no salário mínimo. Em resultado, o estrato mais carente da população, aquele que recebe até R$ 140 mensais per capita, diminuiu de 33,3% do total em 2001 para 15,5% em 2008.
Apesar das ressalvas, o presidente Lula deixa o governo como estadista democrático que honrou boa parte dos compromissos assumidos numa trajetória épica.”
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
A arte do RSVP
A arte do RSVP (abreviação do francês, “répondez s'il vous plaît”), nunca deveria cair em desuso. Esta abreviatura requer uma resposta ao convite quer ela seja afirmativa, ou não. Quantas vezes acontece convidar alguém formal ou informalmente para algo, e essa pessoa não lhe dá qualquer tipo de satisfação? Quando alguém nos faz um convite, deve-se sempre responder ao mesmo. Quando o convite é feito formalmente, por escrito, também deve ser respondido por escrito. Quando o convite é menos formal, pode-se responder menos formalmente, mas deve-se ponderar sempre a maneira adequada de o fazer. Pegar no telefone muitas vezes é a coisa mais correta a fazer. Não se esqueça de ser sempre cortês e responder aos convites. Não tem de se responder sempre que sim, pode dizer algo como “Fiquei encantado com o convite, mas infelizmente por motivos pessoais não vou poder estar presente”
RSVP
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Queijos IV
Caique continua experimentando queijos e dando sua opinião.
“O inevitavel aconteceu : comi um queijo muito ruim.... mais cedo ou mais tarde isso ia acontecer...
Livarot
Por Carlos Henrique
O queijeiro falou que esse queijo era de gosto forte, e vinha lá da Normandia (terra da Amelie, que mora com a gente, e terra de otimos queijos e cervejas).... entao comprei...
Senti o cheiro: cheiro de curral... normal, em vinho a gente acha esse cheiro e tudo bem... quando comi viajei no tempo e voltei pro Joao Homem (fazenda da minha familia) e as guerras de cocô de vaca com os primos (criança tem cada maneira de se divertir ): literalmente o queijo tem gosto de bosta de vaca. Eu como de tudo, mas esse eu pirei, o gosto nao saía da boca (e ainda nao saiu), o cheiro da mão ainda nao saiu... eu bebi água e comi outros queijos para melhorar.... mas, nao vai dar nem para cozinhar com esse queijo...
Perguntei para um amigo francês que gosta de queijo se ele conhecia esse tal de Livarot e ele falou que sim e que ele tinha gosto forte... gosto forte tem o Munster (que vou postar aqui depois), gosto forte tem o Roquefort, e por ai vai... esse tem gosto de merda mesmo.
O pior é que o queijo é um AOC !!
Sou um cara animado e como de tudo, não sei se dei azar, mas esse queijo estava bem ruim... nao passo nem perto nunca mais, muito, mas muito ruim...
Chèvre Cendré
Nessa historia de experimentar queijos a gente acaba se deparando com coisas muito boas, e essa descoberta, o Chèvre Cendré… quando vi o queijo nao tive vontade de comprar, porque ele é bem feio, cheio de mofo preto e branco... Como de tudo, mas pra esse ai eu afinei.... mas o argumento do queijeiro me convenceu e acabei comprando (ele falou q esse queijo ele nao coloca na vitrine, que é pra sobrar pra ele hehehe e q o que ele guarda é uma reserva especial... como nao comprar ?)
na verdade ele parece um donut e tem um buraco no meio
Rapaz.... rapaz... rapaz... que queijo bom, fácil um dos melhores que comi por aqui.... a textura dele é muito boa... pouco gorduroso, mas untuoso... por dentro ele tem uma cor marfim.... nao cheira forte (pelo menos, por enquanto ) e tem um gosto fino... a textura na boca me impressionou, finissimo... ele derrete na boca... gosto fino, nem forte nem fraco, muito bem equilibrado....
E o mais impressionante : ele é feito de leite de cabra (como já disse, eu sou sempre resistente a queijo de cabra... mas tenho mudado esse preconceito)
Esse queijo entra no meu top 5 facil...
Bleu du Cantal (sem referencia mesmo...). Nao encontrei nada sobre ele... provavelmente deve ser um queijo de pequena produçao, e bem local.
A massa dele é bem pesada e um pouco "melada", ele é bem denso... mas tem um bom gosto de "bleu". Mas acho que vou acabar usando para cozinhar.
Carlos Henrique (Caíque), doutorando em música para cinema em Lyon, na França, provando e opinando sobre queijos e cervejas. - http://gourmetglutao.blogspot.com/
domingo, 19 de dezembro de 2010
Festa da família - 12/12/2010
No dia 12 de dezembro tivemos o Encontro da Família. Este encontro não é feito necessariamente todos os anos, nem precisa ser no mês de dezembro. Pode acontecer em qualquer mês ou nem acontecer. Mas quando acontece é muito bom.
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“Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema - principalmente no Natal e no Ano-Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Ás vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida - azeitona verde no palito - sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano - quem diria? - solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este, o mais gordo e generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente. E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero ou do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e a cebola. Não se envergonhe se chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza. Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, essas especiarias - que quase sempre vêm da África e do oriente e nos parecem estranhas ao paladar - tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa. Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada. O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe "Família à Oswaldo Aranha", "Família à Rossini", "Família à Belle Melindre" ou "Família ao Molho Pardo" - em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é "À Moda da Casa". E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito. Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras, apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada - seriam assim um tipo de "Família Diet", que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
Há famílias, por exemplo, que levam muito tempo para serem preparadas. Fica aquela receita cheia de recomendações de se fazer assim ou assado - uma chatice! Outras, ao contrário, se fazem de repente, de uma hora para outra, por atração física incontrolável - quase sempre de noite. Você acorda de manhã, feliz da vida, e quando vai ver já está com a família feita. por isso é bom saber a hora certa de abaixar o fogo. Já vi famílias inteiras abortadas por causa de fogo alto. Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia-a-dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente, na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo.
Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.”
G11–Natal 2010
Leilões–Lily Marinho
07/05/2008
Adeus às jóias, aos quadros...
Em 2008, Lily Marinho resolveu leiloar jóias, móveis, quadros, objetos de arte, etc. As peças que não foram arrematadas continuaram a ser leiloadas. Apesar de terem se passado dois anos, resolvi publicar o assunto por considerá-lo bem interessante.
Lily, numa das salas da mansão do Cosme Velho: "Estou tranqüila de fazer o certo"
Lily Monique Lemb, seu nome de batismo, nasceu na Alemanha, onde o pai, um militar britânico, estava servindo. Foi registrada na Inglaterra e educada na França. "Mas sou brasileira", frisa ela, que se naturalizou há 25 anos. Conheceu o primeiro marido na capital francesa, aos 17 anos, quando ostentava o título de miss Paris. O encontro aconteceu na casa do pai de uma amiga, noiva de um embaixador da Polônia. Ele a pediu em casamento de imediato. A jovem aceitou de impulso. Poucas semanas depois, contrariando o pai e apoiada pela mãe, cruzou o Atlântico. As primeiras experiências com a língua portuguesa foram com uma baiana, cozinheira do casal. "Um dia soltei um ‘oxente’ e Horácio ficou horrorizado", recorda. "Ele era um homem inteligente, bonito, charmoso. Só tinha um pequeno defeito: era mulherengo." Na companhia de Horácio de Carvalho, em 1942 conheceu Roberto Marinho, que os convidou para um jantar em sua mansão no Cosme Velho. "Ele tinha um bigodinho de que eu não gostava. Lembrava um milongueiro", diz, achando graça. "Não fiquei impressionada, a não ser por sua inteligência." Nunca mais o casal foi chamado para as festas na mansão do Cosme Velho. Quatro décadas depois, viria a saber que Marinho ficara encantado por ela e preferiu evitar novos contatos. Os dois se reencontraram no fim dos anos 80, na casa de uma amiga. Ele se divorciou de sua segunda mulher, Ruth, e em 1991 a união foi oficializada. Ela se tornou uma esposa abnegada. "Depois das 5 da tarde eu não atendia nem telefone, só para ficar com ele."
Paris, anos 40. A jovem Lily de Carvalho passava alguns dias na cidade e decidiu comprar uns brincos de pérolas, coisa para o dia-a-dia. Encontrou a joalheria fechada. Lá dentro, estavam sendo atendidos dois xeques árabes. Irritado ao saber da história, o empresário Horácio de Carvalho, primeiro marido de Lily, dono do antigo jornal Diário Carioca, de pelo menos vinte fazendas e de uma mina de ouro, liga para a loja e pede ao joalheiro que vá ao hotel. Compra os tais brinquinhos, mais um fabuloso colar de diamantes com safiras e outro não menos espetacular de diamantes com esmeraldas. Tempos mais tarde, no início dos anos 50, ela se encantaria diante da foto do famoso conjunto de águas-marinhas com que Assis Chateaubriand, na época embaixador do Brasil em Londres, presenteara a rainha Elizabeth II. Carvalho então mandou um joalheiro inglês fazer um colar, um par de brincos e um anel iguais. Nos anos 90, já casada com Roberto Marinho, dono das Organizações Globo, foi surpreendida pelo novo marido com um magnífico par de brincos de brilhantes. A peça tem dois diamantes em forma de pêra, pesando 10,08 e 11,66 quilates respectivamente, que podem ser desencaixados e formar outros brincos. Está avaliada em cerca de 3,75 milhões de reais. Lily Marinho foi casada com dois dos homens mais poderosos do país, cada um ao seu tempo. Teve uma vida rica em histórias, eventos sociais, acontecimentos culturais, viagens e, é claro, reuniu um patrimônio à altura. Às vésperas de completar 87 anos, resolveu pôr tudo à venda.
A lista de bens, que movimentou três leilões, é tão valiosa quanto extensa. Em Genebra, a Sotheby’s fez um pregão só com seus colares, pulseiras, braceletes, brincos, anéis... São 63 lotes com oitenta peças, no valor aproximado de 17 milhões de reais. "As jóias de dona Lily combinam com o seu temperamento: são exuberantes, de extremo bom gosto e demonstram autoconfiança", descreveu no catálogo David Bennett, diretor do departamento de jóias da Sotheby’s para a Europa e o Oriente Médio. A tela Monique au Chapeau, um retrato seu pintado em 1946 pelo holandês Kees van Dongen (1877-1968), esteve no leilão da Sotheby’s, em Nova York. Foi cotada em 1,2 milhão de reais. No Rio de Janeiro, o martelo será batido durante cinco dias, com organização dos leiloeiros Soraia Cals e Evandro Carneiro. O leilão teve 908 lotes e mais de 2 000 peças, estimadas em 15 milhões de reais. "As pessoas se espantam por eu estar me desfazendo de tudo, mas preciso preparar o futuro", diz Lily. "Não posso dizer que estou dando pulos de alegria, mas pelo menos estou tranqüila de fazer o certo." Foram oferecidos móveis, quadros, pratarias, cristais, porcelanas e lustres que estavam em suas duas fazendas – a Veneza, em Conservatória, e a Paraíso, em Juparana, perto de Vassouras – e no apartamento dúplex da Avenida Atlântica. Só para se ter uma idéia do montante, foram necessários vinte caminhões para levar as peças até o lugar onde ficaram expostas no Rio. O catálogo, cuja confecção consumiu 200 000 reais, mais parece um livro de arte: com capa dura, tem 576 páginas e pesa 3 quilos.
Os valores obtidos com a venda do reluzente patrimônio, formarão um fundo, a ser gerido por um banco, que garantirá que nada falte a seus herdeiros: o filho adotivo, João Baptista, de 43 anos, e seus quatro netos, Phillipe, de 21, Gabriela, de 11, Anthony, de 9, e João Victor, de 4. "A gente sabe que, quando alguém morre e deixa alguma coisa, sempre há brigas", explica. "E, no caso de alguém que tem quatro noras, é mais complicado", deixa escapar. Lily teve apenas um filho biológico, Horacinho, que morreu aos 26 anos num acidente de carro, em 1966, com a cantora Silvinha Telles. Sete meses depois, por intermédio da amiga Sara Kubitschek, mulher do presidente JK, adotou João Baptista, na época com 1 ano e meio. "Sei que, se não for eu a me chatear, vai ser mais difícil para o meu filho", comenta. João Baptista mora em Miami e parece não ter habilidade para gerir negócios. Em uma ocasião, ela montou um moderníssimo estúdio de gravação para ele. "Quem tinha dinheiro ia para Los Angeles, quem tinha menos gravava na Argentina e quem não tinha ou não pagava procurava o João Baptista", lembra, com bom humor. Lily foi casada por 45 anos com Horácio de Carvalho, descendente dos barões de Amparo e de Itambé. Com Roberto Marinho, que morreu em 2003 aos 98 anos, a união durou "quinze anos de muita felicidade", ressalta. "Nunca pedi nada aos meus maridos", diz. "Mas eles eram muito generosos."
Lily mora na mansão dos Marinho, cercada de obras de arte, de trinta flamingos (os primeiros foram presente de Fidel Castro) e de 22 empregados. Todas as despesas são pagas pelos filhos do empresário, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto. "Eles são uns amores, eu me dou bem com os três, suas mulheres e ex-mulheres", diz. Os bens que foram a leilão, com exceção das monumentais jóias que ganhou de Roberto Marinho, foram herança de Horácio de Carvalho. Lily chegou a ter dezoito fazendas e, quando as vendia, levava os móveis para uma delas, a Paraíso, que virou um depósito. Lá estava boa parte das peças que foram a leilão. Só de cadeiras, são 57 tipos. Copos de cristal, 54 modelos. Sem falar em preciosidades como um par de sopeiras inglesas do século XIX (lance inicial de 137 000 reais) e uma cômoda estilo Dom José, do século XVIII (110 000 reais). O móvel, aliás, já foi disputadíssimo. Ela o arrematou em um leilão, após um fervoroso embate com outro candidato. "Não adianta você tentar. Vou comprar de qualquer jeito", disparou na ocasião. O pregão de seus bens teve um dia dedicado a obras de arte. São Di Cavalcantis, Pancettis, Facchinettis, Bandeiras e uma escultura de Bruno Giorgi, que, diz a lenda, teve Lily como modelo (é uma mulher nua). Ela fica envergonhada quando perguntam se é verdade. Não responde, mas não nega. A tela mais valiosa é Flores, de Portinari, cotada em 650 000 reais. Lily já se desfez de uma Ferrari, que estava na Suíça, e de um Jaguar, que ficava na mansão do Cosme Velho. Pôs à venda as duas fazendas restantes, com mais de 2 500 cabeças de gado, o dúplex de Copacabana, um terreno de 36 alqueires entre Búzios e Cabo Frio, vinte salas comerciais e uma dezena de flats.
Nada impressiona mais do que suas estupendas jóias. As primeiras, ela ganhou aos 18 anos. Um dia, Carvalho chegou em casa com um delicado par de brincos e um broche de brilhantes. "Não consegui esconder a decepção", conta. "Gosto de pedras grandes." Logo depois, ele a surpreendeu ao trazer um colar com quatro fileiras de diamantes, uma gargantilha e um anel de esmeraldas – sua pedra preferida. "A mulher não deve comprar jóias", afirma. "Quem tem de dar é o marido." Quando se casaram, Roberto Marinho não queria que ela usasse os presentes do ex. Deu-lhe, então, novas jóias, ainda maiores. Dele ganhou um extraordinário pingente de diamante em forma de pêra, com 20,09 quilates (avaliado em 2,5 milhões de reais). Em outra ocasião, um fabuloso colar de brilhantes com a assinatura da grife Van Cleef & Arpels, com valor estimado em 680 000 reais. Sua jóia preferida, mais um mimo de Marinho, é um conjunto de colar, brincos e anel de esmeraldas com diamantes. Não foram a leilão – pedras coloridas estão em baixa no mercado internacional, explica.
Algumas das jóias só foram usadas uma ou duas vezes; outras, nenhuma vez. Lily está sempre com duas alianças (a sua e a de Roberto). Guardou peças menos valiosas como lembrança. Revela que tomou a decisão de dispor de tudo por achar que só tem mais uns três anos de boa saúde. Em 2007, enfrentou um problema no joelho, duas pneumonias e uma cirurgia na tireóide. Sua maior riqueza, afirma, não são as jóias nem as propriedades. É ficar com Anthony, o neto de 9 anos, que dorme alguns dias por semana em sua casa. "Acordar com a perna dele na minha barriga é a felicidade completa."
As jóias
Conjunto de águas-marinhas: colar, brincos e anel iguais aos da rainha da Inglaterra (lance inicial de 136 000 reais)
Bolsa de noite Boucheron: ouro branco e diamantes (15 000 reais)
Este conjunto de colar, brincos e anéis de esmeraldas e diamantes de Lily Marinho foi vendido em maio de 2010, em leilão pela Sotheby's de Genebra por US$ 1 milhão (R$ 1,78 milhão) --o dobro da avaliação inicial, de US$ 500 mil (o equivalente a R$ 891 mil).
Colar de safiras e diamantes, presente de Horácio de Carvalho (102 000 reais)
Colar com quatro fileiras de diamantes cortados em diferentes formatos (273 000 reais)
A jóia mais cara: par de brincos de diamantes (3,75 milhões de reais)
Preciosidade: pingente com diamante de 20 quilates cortado em formato de pêra (2,5 milhões de reais)
As obras de arte
Vaso de Flores, Portinari de 1940 (650 000 reais)
Monique au Chapeau: o retrato de
Lily feito pelo holandês Van Dongen
foi a leilão na Sotheby’s de Nova York
(1,2 milhão de reais)
Índia, de Bruno Giorgi: diz a lenda que Lily
serviu de modelo para o escultor (80 000 reais)
Cair da Tarde, obra de Antônio Bandeira (650 000 reais)
O mobiliário
Salão da Fazenda Veneza: todos os móveis e objetos à venda
Cômoda brasileira do século XVIII (110 000 reais)
Armário mineiro de cedro, do século XVIII (3 500 reais)
Móveis europeus: mesa de jogo francesa do século XIX (6 200 reais) e cadeira italiana (18 000 reais, o conjunto com quatro peças)
Os cristais
Sala de jantar do dúplex da Avenida Atlântica: fechado desde o casamento com Roberto Marinho, em 1991
Aparelho de jantar do Barão de Itambé: 35 peças de porcelana francesa (80 000 reais)
Terrina do século XVIII: porcelana chinesa do reinado Qianlong (290 000 reais)
Serviço de copos de cristal Baccarat, do século XIX: o conjunto de 86 peças é idêntico ao da marquesa de Santos (47 000 reais)
A prataria
Em família: Lily com Horácio (de óculos escuros) e Horacinho (à esq.); e com Roberto Marinho, usando um conjunto de diamantes (1,3 milhão de reais)
Par de candelabros de prata inglesa do século XIX (40 000 reais)
Copos do período de Elizabeth I, século XVI
(125 000 reais o par)
Sopeira do prateiro inglês Robert Garrard, século XIX (137 000 reais o par)
Fontes:
http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m459/adeus-as-joias-aos-quadros
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u733809.shtml