(Imagem recebida de Maria Alice)
O Carnaval sempre foi, para mim, a melhor festa do ano. Muito pequena, no período que antecedia a folia, ouvia as marchinhas carnavalescas pelo rádio e meu coração se enchia de alegria. Me levaram a uma matinê em Rio Verde-Go e me apaixonei de vez. A partir daí, morando em Uberlândia, não perdia as matinês do Praia Clube. Minha paixão era tanta que, com medo de ser reprovada em Latim e Ciências, (numa crença católica ingênua de pré-adolescente), prometi que ficaria 3 anos sem ir ao Carnaval, caso fosse aprovada. Acreditei que me privando do que eu mais gostava, estaria cumprindo a minha parte no pacto com Deus. Fui aprovada e tive que cumprir a promessa. Enquanto isso, meus irmãos partiam alegremente para os Bailes do Praia Clube. Walter se preparava comprando caixas de Lança Perfume embalado em frascos de metal dourado para esguichar o produto nos outros foliões, causando uma sensação "fria", agradável e perfumada. (Estas brincadeiras foram, entretanto, dando lugar ao uso do lança-perfume como droga inalante: as pessoas molhavam lenços com o líquido e o aspiravam, tendo uma sensação de euforia e entorpecimento. Após vários casos de morte por parada cardíaca, o lança perfume acabou por ser proibido no Brasil, na década de sessenta.) Terezinha, além dos Bailes de Carnaval, participava dos concursos de Fantasia de Blocos do Praia Clube. E eu continuava cumprindo a promessa. Após os 3 anos, Carnaval para mim voltou a ser a festa do ano. Belo Horizonte, Uberaba, Itumbiara, foram alguns dos meus destinos carnavalescos. Só para se ter uma idéia do quanto eu gostava, no final dos anos 60 passei o sábado e o domingo em Itumbiara ( 2 bailes até o final e a matinê de domingo) voltei para Uberlândia na segunda, trabalhei no escritório o dia todo, fui para Uberaba com a Vanda, (2 bailes -2ª e 3ª feira e a matinê de terça). Voltei na quarta de manhã e ainda trabalhei à tarde. Depois que me casei ainda fui a alguns Bailes do Praia. Em 1985 fomos ao Sambódromo no Rio de Janeiro (platéia). A experiência não foi das melhores. Fomos ver o Desfile do Grupo A e quando a Acadêmicos de Santa Cruz ia entrar com o enredo -Ibrahim, de leve eu chego lá - homenageando Ibrahim Sued, famoso colunista social da época, o Abre Alas que conduziria Ibrahim em um carro aberto, quebrou. Passaram a noite consertando o carro e nós ficamos sentados na arquibancada lotada. Amanhecendo o dia, assistimos o Salgueiro quarta escola a desfilar e fomos embora. O desfile se estendeu até 14 horas mais ou menos.
No ano seguinte, em 1986, os desfiles passaram a ser cronometrados, punindo a Escola que se atrasasse. Se já existisse a cronometragem em 1985, teriam abandonado o carro Abre Alas e o desfile teria transcorrido normalmente. A transmissão dos desfiles pela Tv acabou esvaziando os bailes carnavalescos nos clubes e o Carnaval de rua começou a ganhar espaço nas grandes e pequenas cidades. Parece que as cidades de médio porte como Uberlândia criaram uma maneira peculiar para comemorar a folia. A moda é sair da cidade, correr atrás de um trio elétrico em Tupaciguara, Campina Verde, Prata, Salvador, Porto Seguro ou se refugiar em algum "Rancho" próximo à cidade e esquecer quem inventou o Carnaval.
O Carnaval teve origem nas festas em que os gregos e os romanos comemoravam suas colheitas Muitos séculos depois, a celebração acabou tornando-se uma brincadeira típica das cidades.
No Brasil, o Carnaval foi introduzido pelos portugueses. Seu nome era entrudo —palavra que vem do latim introitus e que designa as solenidades litúrgicas da Quaresma.
O Carnaval daqui foi, até a metade do século XIX, uma festa de muita sujeira e molhação. Os escravos a festejavam sujando-se uns aos outros com polvilho e farinha de trigo, ou espirrando água pelas ruas com o auxílio de uma enorme bisnaga de lata.
Os bailes de máscara, realizados apenas para a elite durante o Primeiro Império, e, a partir da década de 1840, para a classe média, fizeram muito sucesso. Esses bailes, eram pagos e feitos em teatros e hotéis do Rio de Janeiro.
No final do Sec. XIX alguns jornalistas da época começaram a estimular a criação de carnavais que imitassem os de Roma e de Veneza, onde as pessoas saiam às ruas fantasiadas para tomar parte no corso ou para realizarem batalhas de flores ou de confete.
A partir daí o Carnaval pode ser dividido em dois tipos distintos de manifestação: um, feito pelas classes mais ricas nos bailes de salão, nas batalhas de flores, nos corsos e desfiles de carros alegóricos; outro, feito pelas classes mais pobres nos maracatus, cordões, blocos, ranchos, frevos, troças, afoxés e, finalmente, nas escolas de samba.
O Carnaval brasileiro é também marcado pela divisão das classes sociais.
Na Bahia, por exemplo, só pode desfilar em alguns blocos quem tem dinheiro para pagar pelo abadá. As escolas de samba do Rio se caracterizam pela forte comercialização de fantasias e toda espetacularização do desfile, deixando para trás a essência de suas origens. A existência de camarotes e arquibancadas nos sambódromos do Rio e de São Paulo são uma demonstração clara dessa divisão social"
http://almanaque.folha.uol.com.br/carnaval.htm
Carnaval em Uberlândia
Uberlândia tenta, heroicamente, resistir e sobreviver mantendo o seu Carnaval de rua.
Até o dia 26 de fevereiro, das 12h às 18h, a Galeria de Arte do Mercado Municipal
realiza uma exposição que conta a história do carnaval de Uberlândia. Pelos banners, os visitantes poderão conhecer um pouco da história dos antigos carnavais e a evolução da festa na cidade.
“O primeiro registro que temos é de 1909, documentamos desde o Zé Pereira, que eram os blocos que iam às ruas e faziam brincadeiras e farras, até as Escolas de Samba atuais, que contam com uma estrutura maior e mais organizada’, explicou o Assessor da Galeria de Arte do Mercado Municipal, Luiz Alberto de Souza.
http://www.triangulomineiro.com/noticia.aspx?catNot=58&id=10941&nomeCatNot=Cultura%20e%20Eventos
Que bom ler isso! Gratidão pelas informações.
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