sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

18/12/2009 - Fonte da Juventude não existe!

No último dia 3 Leila Lopes (atriz) foi encontrada morta. Ela dizia ter pouco mais de 40 anos, e após sua morte foi divulgado que ela tinha 50 anos. Veja um trecho da carta que ela deixou, e depois leia o texto de Wilson Jacob Filho publicado hoje no "Equilíbrio" Folha de São Paulo.
"Eu não quero envelhecer e sofrer. Eu vi minha mãe sofrer até a morte e não quero isso para mim. Eu quero paz! Estou cansada, cansada de cabeça! Não agüento mais pensar, pagar contas, resolver problemas... Vocês dirão: Todos vivem!!! Mas eu decidi que posso parar com isso, ser feliz, porque sei que Deus me perdoará e me aceitará como uma filha bondosa e generosa que sempre fui.” (Leila Lopes) http://www.vcfaz.net/viewtopic.php?p=922418



Isenção

Wilson Jacob Filho

QUEM UTILIZA OU PRECONIZA TRATAMENTOS ANTIENVELHECIMENTO ESTÁ MAL INFORMADO OU MAL-INTENCIONADO



A cada dia surgem maiores e melhores oportunidades para incluir as questões relacionadas à saúde no avançar da vida na pauta de discussões.
O tema tem se tornado progressivamente cada vez mais abrangente e interessante.
De uma sessão em que se avalia uma tese de pós-graduação a um papo informal com amigos, sempre há espaço para a discussão sobre os fatores que propiciam o envelhecimento saudável ou, visto por outro ponto de vista, aqueles que podem prejudicá-lo, tornando essa fase da vida erroneamente temida ou indesejada.
Não vou me repetir denunciando, uma vez mais, a inexistência da fonte da juventude, mesmo nas suas atuais tentativas eufemísticas de apresentação. Ressalto, porém, um conceito que expressei neste espaço tempos atrás e que repito com frequência: quem utiliza ou preconiza tratamentos antienvelhecimento está mal informado ou mal-intencionado.
A importância desse assunto requer plena responsabilidade de quem emite suas opiniões e de quem tem o poder de divulgá-las amplamente. Para tal, é fundamental que o conhecimento explicitado esteja sempre baseado em evidências científicas e que os responsáveis pela divulgação sejam isentos de interesse nesses temas.
Curiosamente, não são os idosos quem mais se interessa por tratamentos miraculosos.
Em geral, quem manifesta maior desejo por conhecer e experimentar essas poções são adultos na quinta ou na sexta década de vida, em pleno vigor físico e mental, que temem perder essa condição caso algo mirabolante não seja feito.
Isso fica ainda mais explícito quando assistimos a entrevistas recheadas de dados sem fundamentação científica e conduzidas por quem está mais interessado em resolver questões pessoais do que em criticar a veracidade das informações.
O que vemos, numa situação como essa, é que a esperada imparcialidade de quem questiona vai sendo substituída pela vulnerabilidade de um cliente, ávido pela solução para um problema particular: como evitar o envelhecimento?
Sinceramente, não me preocupo especificamente com essas pessoas, pois têm saúde e condição financeira para, caso desejem, submeter-se a tratamentos onerosos e empíricos, mas sim com todos aqueles que lhes conferem notoriedade e, por isso, as identificam como referência de comportamento.
Esses, a partir deste aval, passam a acreditar de forma passional naquilo que deveria ter como único norteador critérios da mais explícita racionalidade.
Alerto, pois, a todos aqueles que são elos poderosos da cadeia de geração ou divulgação de informações e conceitos relacionados ao envelhecimento saudável, de que é absolutamente necessário que sejam isentos de interesses pessoais ou comerciais, para que chegue ao público de forma clara e objetiva, permitindo que cada um tome as suas decisões de forma responsável, baseado nos conhecimentos científicos atuais e livre dos possíveis interesses que possam desvirtuá-los.




WILSON JACOB FILHO é professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas (SP)
wiljac@usp.br

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