As notícias de jornal relatando casos de violência contra o Professor são constantes. Terça feira, dia 13, Ruy Castro definiu bem esta situação na Folha de São Paulo.
Ao mestre, com desprezo
Ruy Castro
"Em março, um professor de história, filho de um amigo meu, foi desacatado em sala por três alunos num colégio em Moema, zona sul de São Paulo. O mestre deu queixa na diretoria. Esta apoiou os desordeiros. O professor pediu demissão e foi para casa, onde teve uma crise nervosa. Passa agora por uma síndrome do pânico. A orientadora da escola, única pessoa a apoiá-lo, foi demitida. Este é um colégio de classe média, em que os alunos se sentem com privilégios pelo fato de pagar altas mensalidades. Mas, nas escolas públicas, a realidade é ainda pior. Mais de cem casos de alunos que desrespeitam professores são relatados diariamente à Secretaria Estadual da Educação de São Paulo por um sistema de registro de ocorrências do gênero. A maioria dos casos vem da região metropolitana de São Paulo. São alunos que desprezam a liturgia da escola, saem da sala sem autorização do professor e o ofendem verbalmente quando ele ousa protestar contra a zorra. Usam toda espécie de aparelho eletrônico durante a aula, de celular a IPod, e, certos da impunidade, destroem equipamentos ou instalações da escola na frente dos colegas e funcionários. Uma das principais diversões é pôr fogo nas lixeiras. É o terror. As escolas cogitam instalar câmeras em suas dependências, para ter provas documentais contra os vândalos e padronizar as informações, o que permitirá estabelecer estratégias de combate à violência. Mas nada impede que os cafajestes -difícil chamá-los de alunos- roubem também as câmeras e riam das estratégias. Os jovens valentões que agrediram o professor em Moema (aliás, com o apoio da classe) foram expulsos do colégio meses depois. Mas não por indisciplina. Deixaram-se apanhar traficando drogas dentro das instalações."
No ano de 1970 dei aula em Centralina -Mg e um aluno da 8ª série do curso noturno do Ensino Fundamental escreveu:
A Despedida
"Delma, o fim do ano está chegando
Vamos de ti separar
A Deus farei uma prece
Pra Ele te ajudar.
Guardarei sua lembrança
Até o fim do mundo
Não esquecerei de você
Nem mesmo um só segundo
Neste fim de ano
Vamos bacharelar
Com uma dor no coração
Vamos de ti separar
..............
A vida é assim mesmo
Temos que conformar
Quando estiveres bem longe
De nós sei que vai lembrar
...................
Termino os meus versinhos
Com a metade do coração
A outra metade ofereço
Para sua recordação" (W.A.G. 01/12/1970)
Na E.E.Bueno Brandão, onde trabalhei até me aposentar, recebi esta cartinha fofa.
Uberlândia, 14/10/83
Para D.Delma
A gente se encontra só uma vez por semana e por isso não podemos ficar mais tempo com uma professora tão legal como a senhora.
Suas aulas são como um doce, quanto mais come mais quer.
Neste dia 15 e em todos os outros eu queria que a senhora fosse muito feliz.
D.Delma, se todas as professoras fossem como a senhora, só não estudaria quem não quisesse. Desejo lhe muita felicidade para todo o sempre.
Da aluna que a adora (I.T.G - 5ª série B)
Cartões, bilhetes, recados com demonstrações de afeto e respeito dos alunos por mim foi a maior recompensa pelos meus 22 anos de magistério. Estão guardados na caixa e no coração.
Parabéns, Professor!
Ao mestre, com desprezo
Ruy Castro
"Em março, um professor de história, filho de um amigo meu, foi desacatado em sala por três alunos num colégio em Moema, zona sul de São Paulo. O mestre deu queixa na diretoria. Esta apoiou os desordeiros. O professor pediu demissão e foi para casa, onde teve uma crise nervosa. Passa agora por uma síndrome do pânico. A orientadora da escola, única pessoa a apoiá-lo, foi demitida. Este é um colégio de classe média, em que os alunos se sentem com privilégios pelo fato de pagar altas mensalidades. Mas, nas escolas públicas, a realidade é ainda pior. Mais de cem casos de alunos que desrespeitam professores são relatados diariamente à Secretaria Estadual da Educação de São Paulo por um sistema de registro de ocorrências do gênero. A maioria dos casos vem da região metropolitana de São Paulo. São alunos que desprezam a liturgia da escola, saem da sala sem autorização do professor e o ofendem verbalmente quando ele ousa protestar contra a zorra. Usam toda espécie de aparelho eletrônico durante a aula, de celular a IPod, e, certos da impunidade, destroem equipamentos ou instalações da escola na frente dos colegas e funcionários. Uma das principais diversões é pôr fogo nas lixeiras. É o terror. As escolas cogitam instalar câmeras em suas dependências, para ter provas documentais contra os vândalos e padronizar as informações, o que permitirá estabelecer estratégias de combate à violência. Mas nada impede que os cafajestes -difícil chamá-los de alunos- roubem também as câmeras e riam das estratégias. Os jovens valentões que agrediram o professor em Moema (aliás, com o apoio da classe) foram expulsos do colégio meses depois. Mas não por indisciplina. Deixaram-se apanhar traficando drogas dentro das instalações."
No ano de 1970 dei aula em Centralina -Mg e um aluno da 8ª série do curso noturno do Ensino Fundamental escreveu:
A Despedida
"Delma, o fim do ano está chegando
Vamos de ti separar
A Deus farei uma prece
Pra Ele te ajudar.
Guardarei sua lembrança
Até o fim do mundo
Não esquecerei de você
Nem mesmo um só segundo
Neste fim de ano
Vamos bacharelar
Com uma dor no coração
Vamos de ti separar
..............
A vida é assim mesmo
Temos que conformar
Quando estiveres bem longe
De nós sei que vai lembrar
...................
Termino os meus versinhos
Com a metade do coração
A outra metade ofereço
Para sua recordação" (W.A.G. 01/12/1970)
Na E.E.Bueno Brandão, onde trabalhei até me aposentar, recebi esta cartinha fofa.
Uberlândia, 14/10/83
Para D.Delma
A gente se encontra só uma vez por semana e por isso não podemos ficar mais tempo com uma professora tão legal como a senhora.
Suas aulas são como um doce, quanto mais come mais quer.
Neste dia 15 e em todos os outros eu queria que a senhora fosse muito feliz.
D.Delma, se todas as professoras fossem como a senhora, só não estudaria quem não quisesse. Desejo lhe muita felicidade para todo o sempre.
Da aluna que a adora (I.T.G - 5ª série B)
Cartões, bilhetes, recados com demonstrações de afeto e respeito dos alunos por mim foi a maior recompensa pelos meus 22 anos de magistério. Estão guardados na caixa e no coração.
Parabéns, Professor!
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